quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Subindo pelas paredes

O futebol é sensacional mesmo né não? Desde o pior time do mundo até os grandes multicampeões, todos, absolutamente todos, estão à mercê dos caprichos da bola.

Peguemos por exemplo o caso do São Paulo ontem.

Fosse a seis anos atrás, o Tricolor provavelmente cagaria baldes pra Copa SulaMiranda. Vindo de títulos de Paulistão, Brasileirão, Libertadores e Mundial, a competição de fim de ano da Conmebol seria uma daquelas em que se colocaria a base da Copa São Paulo de Juniores e o grande destaque do time seria a nova chance dada ao Sérgio Mota.

Ressalto que não estou de modo algum depreciando a campanha são-paulina. É óbvio que é muito importante e representativo chegar em mais uma final internacional.

Só quero falar de como o tempo na seca pode fazer com que aquela moça ou cara, que até pouco tempo você achava bem meia-boca, fique incrivelmente atraente.

Os estaduais são um bom exemplo disso. O recém rebaixado Palmeiras, por exemplo, tratou o Paulista de 2008 como fase final de Libertadores. E isso porquê? Porque o Paulistão naquele ano teve ares e estrutura de Super Bowl?

Não. Porque pro Palmeiras era a grande chance de um título de primeira divisão desde a saída Parmalat, ainda mais com uma Ponte Preta pela frente. Os rivais andam pra esse Paulistão de 2008. O palmeirense não esquece.

O extinto Torneio Rio-São Paulo também já foi muito importante pra torcida santista. Em 97 a equipe já vinha de 13 anos na seca. E aí amigo, não existe critério, o que vier é lasanha. O Santos venceu e emendou no ano seguinte um outro título, que também só foi importante pra ele e sua torcida. Um dos antepassados da atual SulaMiranda, a Copa Conmebol de 98 representou a volta do Peixe aos títulos internacionais depois de três décadas. Um pequeno título pros outros, mas uma taça muito especial para o Peixe.

No entanto, sem sombra de dúvida, o maior exemplo dessa supervalorização de uma competição está no Corinthians e o Paulistão de 77. Concordo que em outros tempos os estaduais eram mais respeitados e mais relevantes do que hoje em dia. Mas para o Corinthians é como se aquele tivesse sido o título de campeão do universo. Os rivais tentam, em vão, desmerecer a conquista corintiana. Não há como tirar o valor daquela taça para os alvinegros já que, como gostam de dizer, a idolatria “não é pelo título, é pelo Corinthians”.

Enfim, só queria mostrar aqui que é o tesão do torcedor com o time que faz o tamanho da conquista. Conheço santistas que vibraram mais na final do Paulistão contra o Santo André do que no título da Libertadores contra o Peñarol.

O momento faz toda a diferença.

E no fim das contas futebol é isso. Poder tirar de um momento nem tão relevante pro resto do mundo, uma história que você vai levar pra vida inteira.

O São Paulo pós-virada do milênio acostumou demais sua nova geração de torcedores aos títulos, parou de ganhar desde 2008, e ontem se classificou pra final da Copa Sulamericana com um empate de 0x0 contra a Universidad Católica.

Teve festa no campo, abraços coletivos, jogador tirando a camisa e girando, comemoração em cima do escudo...

Novamente digo, não estou de modo algum desfazendo da festa. Tem mais é que comemorar o feito.

Mas, aqui entre nós, o que uma abstinenciazinha não faz hein?