No dia 14 de abril de 1912 Raymundo, Mário e Argemiro, três esportistas da cidade de Santos, convocaram uma assembléia visando a criação de um clube de futebol na cidade.
Uma ideia modesta que deu origem a um gigante do futebol mundial.
Um clube que conquistaria seu estado, seu país, seu continente e o mundo.
Uma entidade que ultrapassaria os limites das linhas laterias e de fundo dos campos pelo planeta.
Uma camisa que pararia uma guerra.
E "daria a luz" à aquele que se tornaria o mito maior da história deste esporte.
Não sou pretensioso ao ponto de acreditar que consigo escrever algo que faça jus aos 100 anos do Santos Futebol Clube.
Por isso, minha homenagem vem na reprodução de um famoso texto de José Roberto Torero sobre o jogo de volta das semifinais entre Santos x Fluminense, no Brasileirão de 1995.
Foi nete jogo histórico que aprendi a adimirar tudo o que significa esta camisa branca.
Confere aí, o texto é sensacional.
A maior das batalhas por Thorben Knudsen
A Terra
Eu estava lá. E vou contar para meus filhos. Foi uma batalha inesquecível. A batalha de Kiergard não foi mais nobre, a de Frömsted não foi mais sangrenta. Eu estava lá. E vou contar para meus filhos. Naquela tarde o vento não soprou e a Lua ficou parada no meio do céu para olhar a grande luta. Os dois exércitos se enfrentaram sobre a grama verde do verão. Mas depois da batalha o verde tornara-se vermelho, tanto foi o sangue derramado pelos combatentes. Naquele tarde não anoiteceu, porque o Sol não quis se pôr para não perder nenhum lance da grande batalha. Eu estava lá, e vou contar para meus filhos.
Os HomensEu estava lá, e vou contar para meus filhos que, de todos os combatentes, o mais valoroso era o Homem-de-Cabelos-Vermelhos. Ninguém corria como ele, ninguém se esquivava dos golpes dos adversários como ele, ninguém matava como ele. E naquela tarde ele fez sua melhor luta. Naquela tarde, o Homem-de-Cabelos-Vermelhos, que já ídolo, quase virou Deus. Mas havia outros, hvia muitos outros. Na retaguarda, como última esperança, como último homem a defender a bandeira, estava o Príncipe-de-Cabeça-Sem-Pelos, o filho do Rei.
E no flanco esquerdo havia o Anão-Gigante, ágil como um coelho, esperto como uma raposa e traiçoeiro como um rato. Mas havia outros, havia muitos outros. Havia um com o nome de Galo, mas que merecia ser chamado de Tigre, outro a quem chamavam Pequeno-Carlos, mas que devia ser chamado Carlos-Gigante, e um de nome Passos, mas que dava saltos. E ainda havia Marcos, que tem o nome no plural porque aparece em vários lugares ao mesmo tempo. Eu vi todos estes homens, e vou contar para meus filhos.
A LutaA missão destes homens era quase impossível. Eles tinham que derrubar três vezes a bandeira inimiga. Não uma nem duas, mas três. Parecia impossível, mas "impossível" era uma palavra que esses guerreiros não sabiam falar (principalmente Macedo, o gago). E já na primeira metade da luta a bandeira inimiga havia ido ao chão duas vezes. O Homem-de-Cabelos-Vermelhos já havia feito parte do milagre. Houve então uma trégua. Os inimigos, vestidos de verde, se recolheram para descansar, beber água feito mulheres e orar por melhor sorte. Mas os homens de branco não. Os homens de branco ficaram no campo de batalha. Há quem diga que eles ficaram lambendo o sangue dos inimigos que havia caído pela grama, mas isso eu não vi. E o povo dos guerreiros de branco gritava e urrava. Então, na segunda metade do combate o milagre aconteceu por completo.
Mesmo com menos homens, o exército de branco derrubou mais uma vez a bandeira inimiga. E outra, e mais uma. E no final da luta a bandeira dos homens-de-verde já havia caído cinco vezes. E quando a guerra acabou o povo de branco andava de joelhos, se abraçava e se beijava. Homens que não se conheciam cumprimentavam-se como irmãos e cantavam hinos de guerra. E os guerreiros foram para o meio do campo da batalha e deram-se as mãos. Então o Homem-de-Cabelos-Vermelhos ficou no meio do círculo e levitou até a altura de um pinheiro. E seus cabelos pegaram fogo e só então, com inveja, o Sol se pôs. Eu estava lá, e vou contar para meus filhos.
JOSÉ ROBERTO TORERO, jornalista da Folha de São Paulo, santista de coração.
De minha parte só posso ressaltar os mais sinceros parabéns ao Santos.
Agradecer pelos 100 anos de contribuição ao esporte com o mais belo futebol que se pode jogar.
E por fazer parte da minha, da sua e da vida de todos nós.
Parabéns Peixe!
E parabéns também pra você torcedor, que faz parte deste orgulho que nem todos podem ter.