segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A arte de olhar para o próprio rabo

Neste domingo, a última rodada do Brasileirão me lembrou uma característica muito interessante destes períodos pré-Mundiais de Clubes. O tempo que o torcedor do representante brasileiro passa pensando no possível adversário europeu.

Já percebeu? Vão de agosto até dezembro falando dos caras. Pontos fracos, pontos fortes, atual fase.

E enquanto isso o time dos camaradas vai sendo negligenciado.

Foi assim com o Inter em 2010, com o Santos em 2011 e com o Corinthians neste ano que se encerra. A diferença é que, dessa vez, houve um pequeno choque de realidade antes da viagem nipônica.

O que pode ter sido bom ou ruim (falou o Caio Ribeiro né?). Só vamos descobrir daqui a quinze dias.

Mas é bacana que depois de semanas e semanas ouvindo “esse Chelsea tá em crise”, “tomou um pau da Juventus”, “esse Fernando Torres não é de nada”, “a defesa é fraca”, e outras 317 afirmações dos especialistas em futebol inglês, tivemos uma nova reação ontem.

Parece que rolou um “Opa! Que porra é essa Tite! Esse é o time?” entre os corintianos.

É claro que o corintiano tem razões de sobra pra estar mais otimista do que o santista no ano passado, por exemplo. O Chelsea não é nem de longe um Barcelona.

O problema é chegar lá tão confiante quanto o time do Inter chegou em 2010.

O fato dos ingleses não estarem no seu melhor momento não faz do Corinthians candidato a pisar na cabeça dos Blues. Assim como, se fosse o contrário, não seria o caso de acreditar num massacre londrino.

E vamos combinar que os momentos nem são TÃO diferentes assim.

O Chelsea vem de um empate contra o Fulham e uma derrota pro Aston Villa. O Corinthians vem de um empate contra um Santos sem Neymar e uma derrota pra um São Paulo totalmente reserva.

Se o ataque do Chelsea é alvo frequente de críticas, o do Corinthians também tá longe de arrancar suspiros.

Acreditava-se também que o sistema defensivo corintiano estava em um nível totalmente superior ao da equipe inglesa.

Depois do clássico de ontem percebe-se que não é pra tanto.

O Chelsea tá passando por uma grande turbulência, mas mudou de técnico e o mesmo já declarou que o objetivo neste fim de ano é o Mundial, já que a vaga nas oitavas da Champions não depende mais deles.

É óbvio que esse momento complicado dos ingleses não vai durar pra sempre.

Por isso seria muito importante que o todo corintiano tivesse focado em chegar forte ao invés de esperar que o outro chegasse fraco.

Enfim, agora é hora de viajar. Sanfrecce Hiroshima e Auckland City (sempre ele) jogam na quinta-feira pra ver quem pega os egípcios do Al-Ahly, e deste confronto definir o adversário do Corinthians.

Ah, 2006. Bons tempos em que
nossos times venciam o Mundial...
Deve dar a lógica com o Al-Ahly mesmo.

Pra quem não lembra, esse é aquele time vermelho que pegou o Inter no Mundial de 2006 antes do Barça.

Aquele jogo em que o Pato petecou a bola no ombro e tal.

Pois então, o foco agora é para que o Corinthians entre em campo pensando em si e não em assistir o Chelsea.

Até pra não correr o risco de assisti-los no dia 16 também.