quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Coadjuvantes de luxo

Desde 2003, ano em que foi implantado o sistema de pontos corridos no Campeonato Brasileiro, o estado de São Paulo sempre colocou representantes no topo da tabela.

Desde o Santos vice-campeão em 2003, até o Corinthians campeão de 2011, sempre que se olhava para a parte de cima da tabela, lá estavam os times da terra da garoa.

Em nove edições de pontos corridos, o estado conquistou seis títulos e dois vices, sendo que em 2007, teve campeão e vice (São Paulo e Santos, respectivamente).

No entanto, na parte de cima da edição atual, temos de tudo um pouco. Carioca no topo, mineiro entre os favoritos ao título, gaúcho deslanchando rumo às primeiras posições.

Menos os paulistas.

Cabeça longe, elenco fraco, dependência de um só jogador e uma inexplicável irregularidade são algumas das razões que impedem os clubes paulistas de chegarem no famoso G4.

Começando em ordem alfabética, vamos falar do Corinthians. A ex-equipe de Parque São Jorge venceu a Libertadores, como você bem sabe. Está classificada para o Mundial, conforme você também já está cansado de saber. E, como todo time que ganha Libertadores, não tá pondo o pé nas divididas do Brasileirão. É humano e compreensível que, depois de um esforço brutal pra uma grande conquista (como aconteceu na Libertadores), o corpo peça sua “recompensa” que vem em forma de descanso.

Além do fato de que, quanto mais próximo está o Mundial, maior é a preocupação do jogador com contusões. A cabeça fica longe, o pé fica mole e as vitórias não acontecem. O Campeonato Brasileiro é difícil demais pra uma equipe com essa “disposição toda” chegar na frente. E como não briga por G4, já que está automaticamente classificado pra Libertadores 2013, participa apenas pra ficar entre os 16 garantidos na Série A do ano que vem.

Outro caso que poderia ser igual ao do Corinthians está na zona oeste de São Paulo. O Palmeiras já levou sua grande conquista do ano e poderia estar nadando em águas tranquilas no Brasileirão. Mas o que se vê até agora é um time de nível mais que questionável se debatendo na areia movediça. O Verdão realmente BRIGA por uma vaga entre os 16 garantidos no Brasileirão da Série A de 2013.

“Mas é o time que ganhou a Copa do Brasil!”. Pois é, a Copa do Brasil foi um caso isolado, ao que parece. O Palmeiras enfrentou apenas um dos considerados 12 grandes times brasileiros. Foi na semifinal, contra o Grêmio (quando jogou muitíssimo bem, diga-se de passagem). Para um campeonato de mata-mata, elenco é por vezes secundário. No Campeonato Brasileiro não. E aqui o do Palmeiras tem se mostrado fraco demais. A distância pro primeiro fora do Z4 já é de sete pontos. Tudo isso com um time sem perspectiva de melhora em curto prazo (e agora sem técnico). Portanto, por estar tão comprometido em se salvar na Primeirona, o Palmeiras em momento algum nem se permitiu pensar no topo da tabela em momento algum da competição.

Falemos agora do Santos. Campeão paulista, semifinalista da Libertadores, e que não consegue um desempenho decente no Brasileirão. Por quê? Antes de falar no Neymar, é bom lembrar que em pontos corridos o Santos não faz nada que preste já faz uns cinco anos. Nos últimos dois, tinha a desculpa de ter vencido a Copa do Brasil e a Libertadores. Pois bem, esse ano perdeu a Libertadores. Teria portanto de jogar bem o Brasileiro (até pra voltar à Libertadores ano que vem). Mas novamente o desempenho vem sendo pífio.

Agora sim, vamos falar do Neymar. É nítida e gritante a diferença que o moleque faz no time. Como é sempre convocado pra Seleção, desfalca muito a equipe. E sem ele o grupo briga pra não cair. O megapostar Muricy “Aqui é Trabalho” Ramalho deveria inclusive ser mais cobrado por não conseguir dar ao time um desempenho decente nos jogos sem o Neymar. Sem o craque, o elenco do Santos não é pior que o do Cruzeiro. Deveria no mínimo estar entre os oito. Mas criticar o Muriçoca é sempre complicado. Com isso, por depender demais de um cara que fica muito tempo fora por motivos de força maior, o Santos vai ficar ai, perambulando o meio da tabela até dezembro.

Sobre o São Paulo, melhor paulista no Brasileirão até o momento, o problema não é cabeça em outro lugar, não é elenco fraco e nem dependência de um jogador. Mas sim uma irritante irregularidade do conjunto e de suas principais individualidades. Por vezes no campeonato, após um grande jogo do São Paulo, pensamos “agora vai”. E nunca ia. Sempre aparecia um Náutico, um Bahia, um Atlético-GO, pra jogar os pontos conquistados contra os grandes no lixo.

A confiabilidade desse time do São Paulo é muito baixa. Eles podem fazer um grande jogo ou dar vexame em qualquer partida. Luis Fabiano por vezes lembra o grande atacante da Seleção no biênio 2009-10. Em outras, o “pipoqueiro” que saiu chutado do Morumbi. Jadson, Osvaldo, Casemiro e Cortês são de lua. E aí o time fica nesse "vai não vai" pro G4. Tem plenas condições de se resolver e assumir logo uma posição entre os quatro. Mas não pode demorar demais. Senão ficará como mais um coadjuvante de luxo do Brasileirão deste ano.

Ah sim, ainda tem a Ponte Preta e a Portuguesa representando o estado na Série A.

As campanhas destes também não são de protagonistas. Mas eles não ligam em ser coadjuvantes.

Pra eles estar no elenco já é um luxo.