terça-feira, 11 de setembro de 2012

Entre outras quatro linhas #23 - Tênis

Terminou ontem o último Grand Slam do ano, o US Open.

A expectativa sobre o torneio, como de hábito, era muito grande. Os três primeiros colocados do ranking haviam vencido o Australian Open (Djokovic), Roland Garros (Nadal) e Wimbledon (Federer). O Aberto dos Estados Unidos seria então um tipo de desempate. Seria.

Primeiro porque Nadal não competiu. O espanhol segue tentando se recuperar de uma tendinite que o tirou dos Masters 1000 de Toronto e Cincinnati, e dos Jogos Olímpicos de Londres.

Segundo porque, pela primeira vez na vida, Roger Federer não chegou às semifinais do US Open. O suíço foi superado nas quartas pelo tcheco Tomas Berdych.

E em terceiro lugar porque, dessa vez, Novak Djokovic não conseguiu, na grande final, impor sua habitual superioridade em quadras rápidas.

Portanto apresento-lhes o novo integrante do grupo dos maiores tenistas da atualidade. O novo terceiro colocado do ranking. O campeão olímpico. Aquele que dava a impressão de que iria morrer sem um Grand Slam. Que parou de tremer em finais. E que deixou este blogueiro perplexo.

O britânico Andy Murray.


O jogo começou lotérico graças ao vento de quase 30 km/h, guiando os saques para onde bem entendesse.

Quando a ventania deu trégua, a partida se mostrou muito equilibrada e foi para o tie break, também disputadíssimo.

Depois de algumas viradas e muitos match points perdidos, finalmente Murray conseguiu fechar o set em 7-6.


No segundo set a empolgação do escocês se traduziu em pancadas. Abriu 4-0 como quem jogava contra um top 100.

Mas depois se acomodou. Esqueceu que era Djoko do outro lado e permitiu duas quebras de saque. O que era 4-0, virou 5-5.

Murray então confirmou seu saque na marra pra abrir 6-5. E foi sólido no 12º game pra conseguir mais uma quebra e fechar em 7-5.

Terceiro set e Djoko estava com a faca no pescoço, uma das situações em que o sérvio mais cresce. Desta vez não foi diferente.

Novak entrou com a força de quem venceu consecutivamente os últimos três Grand Slam em quadra dura, arrancou duas quebras de saque, não permitiu nenhuma e fechou em 6-2.

Más lembranças voltavam a assombrar Murray.

No quarto set, ainda sob o efeito do grande desempenho do set anterior, Djokovic já começou com uma quebra no primeiro game. A partir dali os saques foram se confirmando até o 5-3. No nono game Murray sacava para salvar um match game.

Não conseguiu. Quebra de Djoko e 6-3 no set que empatou o jogo.

Já eram quatro horas de jogo, e os fantasmas de amarelão passavam a pesar uma tonelada sobre o britânico.

Último set, hora da decisão. Djoko conseguiria mais uma virada histórica pra sua coleção? Murray iria tremer na base mais uma vez?

Um replay do segundo set apresentava-se no quinto, Murray veio com tudo pra cima e abriu 3-0 com duas quebras de saque. Teve o saque quebrado em seguida e viu Djoko encostar com 3-2. Angariou mais uma quebra e abriu 5-2.

Murray entãom sacaria pra ganhar seu primeiro Grand Slam da vida. Pra rolar um suspense, Djoko parou e pediu massagem. O jogo já tinha 4h50min de duração. Djoko voltou pra tentar evitar o que, a aquela altura, já era inevitável. O game da vida de Andy Murray durou quatro minutos. Vitória no set por 6-2 e no jogo por 3 sets a 2.

Não tremeu, não amarelou e não entregou o samba no final. Enfim o meninão eterna promessa colocou um título representativo no currículo.

E agora, os quatros primeiros colocados do ranking venceram um Grand Slam no ano.

Mas não vamos encerrar 2012 com esse empate quádruplo. Em novembro, no final da temporada, tem a Masters Cup nas quadras duras de Londres.

Roger Federer, Novak Djokovic, Andy Murray e Rafael Nadal terão a companhia de David Ferrer, Tomas Berdych, Jo-Wilfried Tsonga e Juan Martín Del Potro (5º, 6º, 7º e 8º do ranking respectivamente) na disputa de melhor tenista do mundo em 2012.

Se campeão invicto, o tenista leva 3000 pontos na Masters (os Grand Slams dão 2000 pontos).

Já pensou se o Murray leva essa “em casa”? Se o Nadal retorna e supera todo mundo na sua “pior” quadra? Se o Djokovic volta ao topo após perder Roland Garros, Wimbledon e o US Open? E se o Federer fecha o ano em que bateu o recorde histórico de semanas na liderança com mais essa taça?

Só nos resta aguardar essa reunião dos oito melhores do mundo pra fechar o ano com um tênis da mais alta qualidade.