Nesta manhã foram
sorteadas as semifinais da UEFA Champions League 2012-13. Como sabem, se
classificaram Barcelona, Real Madrid, Borussia Dortmund e Bayern München.
E como também já devem
saber a esta altura, o sorteio apontou Bayern x Barcelona e Borussia x Real. Os jogos de ida serão
na Alemanha nos dias 23 e 24, e os de volta na Espanha, dias 30 de abril e 1º de maio.
Particularmente
estava torcendo por um Barça x Borussia. Mas essa configuração também nos
oferece duas situações de encher os olhos.
Se Baviera e Catalunha
receberão aquele que promete ser o maior espetáculo, Dortmund e Madri podem
presenciar a maior “recompensa” desta edição da Champions.
O que vão ser esses
confrontos entre Bayern e Barcelona hein? O momento bávaro é nitidamente melhor
que o catalão. Mas o Barcelona tem Messi, ponto de desequilíbrio de qualquer
partida.
Mas vamos olhar com
um pouco mais de atenção para cada equipe.
O Bayern que entrou
em campo no jogo de volta contra a Juventus foi: Neuer, Lahm, Van Buyten, Dante
e Alaba; Javi Martínez, Schweinsteiger, Müller, Robben e Ríbery; Mandzukic.
Toni Kroos se contundiu e está fora da temporada.
Com essa cara o time
alemão concentra forças na transição com Schweinsteiger e nas jogadas abertas
com Müller e Ríbery, contando com os apoios de Lahm e Alaba respectivamente.
Dar a Robben a função de Kroos não funciona e, por vezes veremos Schweinsteiger
assumindo.
É uma equipe que
induz demais o adversário ao erro. Fecha bem a saída de bola e dificulta a vida
de qualquer volante (o que contra Xavi é essencial pra se ter alguma chance).
Já o Barça pegou o
PSG esta semana com: Valdés, Daniel Alves, Piqué, Adriano e Jordi Alba;
Busquets, Xavi, Iniesta, Pedro e Fabregas; David Villa. O Messi entrou no
segundo tempo, resolveu e não deverá ser problema para as semifinais. Problema
mesmo é ter de usar um Adriano, que até na posição de origem é mediano, como
zagueiro. Pensei que não diria isso nunca, mas é sorte do Barça que o
Mascherano volta de suspensão.
Assim a equipe deve
ir completa pros confrontos. E por isso volta a ter status de favorito. Ainda
não foi encontrado um “antídoto” para o tripé Xavi-Iniesta-Messi. A tal “fase
complicada” entra em descrédito quando se vê que, sempre que PRECISOU fazer
gols, o time foi lá, apertou um pouco o passo, e fez.
Agora vai enfrentar
uma equipe que não vai se acovardar. O Bayern remou muito pra chegar ao nível
que está hoje. Provavelmente o Barcelona terá de dar o seu melhor por muito
mais tempo do que tem feito se quiser um lugar em Wembley.
Com a vantagem de
decidir no Camp Nou, e contando com três dos cinco melhores jogadores do mundo,
ainda vejo o Barcelona um pouco a frente. Mas hoje uma classificação bávara já
não seria um absurdo.
De qualquer jeito,
com tanta qualidade junta em campo, não dá pra imaginar nada diferente de um
confronto histórico.
A recompensa
Do outro lado das
semifinais tem replay da fase de grupos. Borussia Dortmund e Real Madrid,
dissidentes do grupo D (ou grupo da morte, como preferir), se reencontram pra decidir quem vai pra final.
Vamos então para um
olhar mais aproximado.
O lado aurinegro vem
de um verdadeiro milagre, daqueles que só o futebol mesmo pode proporcionar. A
iminente eliminação para o Málaga virou uma classificação heroica a partir dos
46’ do segundo tempo, lembrando em muito a final da Champions 98-99. E agora foi recompensado no sorteio pegando o adversário contra quem tem mais chances.
O Borussia entrou no
Westfalenstadion com: Weidenfeller, Piszczek, Subotic, Felipe Santana e Schmelzer;
Bender, Gundogan, Kuba, Götze, Reus; Lewandowski. Impressiona, pelo menos a
mim, a qualidade do toque de bola desse time. Por vezes entrou na área
espanhola pelo meio, tocando de primeira, como quem está treinando. Marco Reus
é um meia de altíssimo nível, facilita a vida deste ótimo centroavante que é o
Lewandowski. Götze é a habilidade, o imprevisível do time e a defesa (além de
forte nas suas funções prioritárias) é incrivelmente competente na saída de
bola, principalmente com Hummels em campo.
A equipe faz uma
campanha digna de aplausos, mas foi mal no último jogo. Talvez por acreditar
que não seria tão difícil.
Essa sensação não existirá na semi, portanto
acredito na volta daquele Borussia concentrado, competitivo e extremamente
técnico que segue como único invicto da competição.
No lado madridista o
momento é de conforto e reflexão. Conforto porque depois de um período de
grandes dificuldades, passou pelo Manchester, venceu o Barcelona algumas vezes
e deixou claro que segue competitivo. E de reflexão pois de agora em diante
qualquer uma das frequentes falhas da equipe de Mourinho será fatal.
Contra o Galatasaray,
nesta semana, o Real entrou assim: Diego López, Essien, Pepe, Varane e Fábio
Coentrão; Khedira, Modric, Di Maria, Özil e Cristiano Ronaldo; Higuaín.
Percebam que, mesmo sem Xabi Alonso e Sergio Ramos, suspensos, o time é forte
demais. O meio campo só tem gente que “chama a bola de ‘você’”.
Di Maria vinha em
incrível crescente, mas esta última atuação assustou um pouco. Modric se
encontrou neste meio de campo e Cristiano continua marcando gols de “baciada”.
Com Xabi de volta no lugar de Khedira o nível sobe ainda mais um pouco. A
equipe usa os lados mais do que seu rival das semis, e nem por isso deixa de
usar o miolo com Özil nos momentos em que isso se faz necessário.
O ponto fraco segue
na defesa. Nem Sérgio Ramos, nem Coentrão conseguem apoiar com qualidade
(aliás, muitas vezes nem tentam). Pepe e Varane formam uma dupla forte no
principal sentido da palavra. Já tecnicamente, deixam um bocado a desejar. O
goleirão Diego López não passa confiança mais por ser desconhecido do que
necessariamente por ser ruim.
Por tudo isso esse é
um confronto aberto. Sabemos o que esperar do Borussia. Do Real, não.
Se todo mundo jogar
seu máximo, o Real fatalmente passa.
Do contrário, o
Borussia pode receber essa grande recompensa pela magnífica campanha. Uma final
de Champions mais de 15 anos depois do maior título da história do clube.
Pra quem gosta de
histórias do futebol, a classificação do Borussia vai ser muito mais legal de
contar daqui a 15 anos.