sexta-feira, 12 de abril de 2013

O espetáculo e a recompensa

Nesta manhã foram sorteadas as semifinais da UEFA Champions League 2012-13. Como sabem, se classificaram Barcelona, Real Madrid, Borussia Dortmund e Bayern München.

E como também já devem saber a esta altura, o sorteio apontou Bayern x Barcelona e Borussia x Real. Os jogos de ida serão na Alemanha nos dias 23 e 24, e os de volta na Espanha, dias 30 de abril e 1º de maio.

Particularmente estava torcendo por um Barça x Borussia. Mas essa configuração também nos oferece duas situações de encher os olhos.

Se Baviera e Catalunha receberão aquele que promete ser o maior espetáculo, Dortmund e Madri podem presenciar a maior “recompensa” desta edição da Champions.

O espetáculo

O que vão ser esses confrontos entre Bayern e Barcelona hein? O momento bávaro é nitidamente melhor que o catalão. Mas o Barcelona tem Messi, ponto de desequilíbrio de qualquer partida.

Mas vamos olhar com um pouco mais de atenção para cada equipe.

O Bayern que entrou em campo no jogo de volta contra a Juventus foi: Neuer, Lahm, Van Buyten, Dante e Alaba; Javi Martínez, Schweinsteiger, Müller, Robben e Ríbery; Mandzukic. Toni Kroos se contundiu e está fora da temporada.

Com essa cara o time alemão concentra forças na transição com Schweinsteiger e nas jogadas abertas com Müller e Ríbery, contando com os apoios de Lahm e Alaba respectivamente. Dar a Robben a função de Kroos não funciona e, por vezes veremos Schweinsteiger assumindo.

É uma equipe que induz demais o adversário ao erro. Fecha bem a saída de bola e dificulta a vida de qualquer volante (o que contra Xavi é essencial pra se ter alguma chance).

Já o Barça pegou o PSG esta semana com: Valdés, Daniel Alves, Piqué, Adriano e Jordi Alba; Busquets, Xavi, Iniesta, Pedro e Fabregas; David Villa. O Messi entrou no segundo tempo, resolveu e não deverá ser problema para as semifinais. Problema mesmo é ter de usar um Adriano, que até na posição de origem é mediano, como zagueiro. Pensei que não diria isso nunca, mas é sorte do Barça que o Mascherano volta de suspensão.

Assim a equipe deve ir completa pros confrontos. E por isso volta a ter status de favorito. Ainda não foi encontrado um “antídoto” para o tripé Xavi-Iniesta-Messi. A tal “fase complicada” entra em descrédito quando se vê que, sempre que PRECISOU fazer gols, o time foi lá, apertou um pouco o passo, e fez.

Agora vai enfrentar uma equipe que não vai se acovardar. O Bayern remou muito pra chegar ao nível que está hoje. Provavelmente o Barcelona terá de dar o seu melhor por muito mais tempo do que tem feito se quiser um lugar em Wembley.

Com a vantagem de decidir no Camp Nou, e contando com três dos cinco melhores jogadores do mundo, ainda vejo o Barcelona um pouco a frente. Mas hoje uma classificação bávara já não seria um absurdo.

De qualquer jeito, com tanta qualidade junta em campo, não dá pra imaginar nada diferente de um confronto histórico.

A recompensa

Do outro lado das semifinais tem replay da fase de grupos. Borussia Dortmund e Real Madrid, dissidentes do grupo D (ou grupo da morte, como preferir), se reencontram pra decidir quem vai pra final.

Vamos então para um olhar mais aproximado.

O lado aurinegro vem de um verdadeiro milagre, daqueles que só o futebol mesmo pode proporcionar. A iminente eliminação para o Málaga virou uma classificação heroica a partir dos 46’ do segundo tempo, lembrando em muito a final da Champions 98-99. E agora foi recompensado no sorteio pegando o adversário contra quem tem mais chances.

O Borussia entrou no Westfalenstadion com: Weidenfeller, Piszczek, Subotic, Felipe Santana e Schmelzer; Bender, Gundogan, Kuba, Götze, Reus; Lewandowski. Impressiona, pelo menos a mim, a qualidade do toque de bola desse time. Por vezes entrou na área espanhola pelo meio, tocando de primeira, como quem está treinando. Marco Reus é um meia de altíssimo nível, facilita a vida deste ótimo centroavante que é o Lewandowski. Götze é a habilidade, o imprevisível do time e a defesa (além de forte nas suas funções prioritárias) é incrivelmente competente na saída de bola, principalmente com Hummels em campo.

A equipe faz uma campanha digna de aplausos, mas foi mal no último jogo. Talvez por acreditar que não seria tão difícil. 

Essa sensação não existirá na semi, portanto acredito na volta daquele Borussia concentrado, competitivo e extremamente técnico que segue como único invicto da competição.

No lado madridista o momento é de conforto e reflexão. Conforto porque depois de um período de grandes dificuldades, passou pelo Manchester, venceu o Barcelona algumas vezes e deixou claro que segue competitivo. E de reflexão pois de agora em diante qualquer uma das frequentes falhas da equipe de Mourinho será fatal.

Contra o Galatasaray, nesta semana, o Real entrou assim: Diego López, Essien, Pepe, Varane e Fábio Coentrão; Khedira, Modric, Di Maria, Özil e Cristiano Ronaldo; Higuaín. Percebam que, mesmo sem Xabi Alonso e Sergio Ramos, suspensos, o time é forte demais. O meio campo só tem gente que “chama a bola de ‘você’”.

Di Maria vinha em incrível crescente, mas esta última atuação assustou um pouco. Modric se encontrou neste meio de campo e Cristiano continua marcando gols de “baciada”. 

Com Xabi de volta no lugar de Khedira o nível sobe ainda mais um pouco. A equipe usa os lados mais do que seu rival das semis, e nem por isso deixa de usar o miolo com Özil nos momentos em que isso se faz necessário.

O ponto fraco segue na defesa. Nem Sérgio Ramos, nem Coentrão conseguem apoiar com qualidade (aliás, muitas vezes nem tentam). Pepe e Varane formam uma dupla forte no principal sentido da palavra. Já tecnicamente, deixam um bocado a desejar. O goleirão Diego López não passa confiança mais por ser desconhecido do que necessariamente por ser ruim.

Por tudo isso esse é um confronto aberto. Sabemos o que esperar do Borussia. Do Real, não.

Se todo mundo jogar seu máximo, o Real fatalmente passa.

Do contrário, o Borussia pode receber essa grande recompensa pela magnífica campanha. Uma final de Champions mais de 15 anos depois do maior título da história do clube.

Pra quem gosta de histórias do futebol, a classificação do Borussia vai ser muito mais legal de contar daqui a 15 anos.