segunda-feira, 23 de abril de 2012

O supra-sumo das Américas

Terminou a fase de grupos da Taça Libertadores da América 2012.

Já temos os dezesseis classificados e os confrontos das oitavas.

Os brasileiros em sua maioria foram muito bem.

Sendo três deles os donos das três melhores campanhas.

Agora começa o mata-mata. E com ele, os palpites de cruzamentos.

Obviamente, também tenho aqui minhas apostas.

Mas antes vamos lembrar como foi que cada brasileiro chegou até aqui.

E porque o Flamengo ficou pelo caminho.

Começando pelo "melhor líder" Fluminense. O tricolor das laranjeiras fez apenas uma grande partida na fase de grupos. E foi logo contra o Boca em La Bombonera. Com a vitória apertada na estréia contra o Arsenal de Sarandí e os dois triunfos, também magros, contra o poderoso Zamora da Venezuela, e os três pontos contra o Boca, o Flu terminou a quarta rodada com doze pontos e já classificado. Isso foi usado como justificativa para o péssimo jogo contra o mesmo Boca no Rio, quando perdeu por 2x0. No último confronto do grupo, contra o Arsenal em Sarandí, uma vitória que só foi heróica devido à incompetência do time em torná-la fácil. Quinze pontos, primeiro lugar geral e, como de costume acontece com melhores líderes, se deu mal. Vai pegar um "pior segundo" brasileiro logo nas oitavas.

Este posto vexatório coube ao Internacional de Porto Alegre. Integrante do grupo 1, junto ao Santos, o The Strongest-BOL e o Juan Aurich-PER, o Inter começou vencendo em casa os peruanos, perdendo para o Santos na Vila e goleando os bolivianos no Beira-Rio. Até aí tudo dentro do que se esperava. No returno do grupo porém, o time não conseguiu ganhar nenhum joguinho sequer. Empatou, um jogo que parecia perdido, no último minuto na Bolívia, empatou com o Santos em uma partida de domínio paulista e perdeu no society peruano. Passou porque não tinha como não passar. Mas ficou claro o quão deficiente é o sistema que o time utiliza atualmente. Renan, Nei, Moledo, Índio e Kléber; Guiñazu, Bolatti, Dátolo e D’Alessandro; Dagoberto e Leandro Damião (com um Oscar esperando resolver sua situação para voltar à equipe) são os titulares colorados atualmente. Falar que o time é ruim é burrice. Sendo assim o problema deve estar em outro lugar.

Voltando aos que foram bem, a segunda melhor campanha geral foi do Corinthians. O Timão teve 14 pontos, quatro vitórias, dois empates e o posto de único invicto da Libertadores. O grupo era de fato muito fraco. Deportivo Táchira-VEN e Nacional-PAR são semi-amadores. O Cruz Azul-MEX por sua vez é de mediano pra baixo. Não passava entre os oito do Paulistão. Mas o Corinthians não tem culpa disso. Estreou muito nervoso e empatou com o Táchira, venceu com muita dificuldade o Nacional em casa e empatou de novo, agora contra o Cruz Azul na Cidade do México. No returno do grupo, só vitórias. Fechando com um sonoro 6x0 na última rodada contra os venezuelanos. Vai pegar nas oitavas os equatorianos do Emelec. O time é fraco e Guayaquil não tem nem altitude pra ajudar os caras. Mas é melhor o Corinthians ficar atento. Vai que...

Seguindo com os classificados a terceira melhor campanha também foi brasileira. O Santos encerrou a fase de grupos com 13 pontos, quatro vitórias, um empate e uma derrota. Os dois jogos que fez contra o Inter merecem destaque. Na Vila pelo show particular de Neymar. No Beira-Rio pela forma que o time se comportou diante de um placar adverso fora de casa. Venceu os peruanos aqui e lá. Contra os bolivianos uma estreia displicente que culminou na derrota por 2x1, e um encerramento preguiçoso com a vitória na Vila por 2x0, quando os dois gols foram marcados após os 40 do segundo tempo. O cruzamento das oitavas não foi o mais amigável e já nas oitavas a equipe do litoral paulista terá de subir 3.700 metros acima do nível do mar para enfrentar o Bolívar. Se achar que pode perder lá com a certeza de que vai atropelar os caras aqui, corre o risco de cair feio do cavalo.

O quinto e último (ou segundo, na ordem cronológica) brasileiro classificado foi o Vasco da Gama. A equipe cruzmaltina começou dando a impressão de que a vaca iria para o brejo mais cedo do que se poderia pensar. Uma inesperada derrota para o Nacional-URU em plena São Januário deixou todos na Colina preocupados. No entanto a partir daí o time jogou água no rosto, levantou, partiu pra cima e não perdeu mais. Venceu aqui e lá o Alianza Lima-PER. Venceu no Rio e empatou em Assunção contra o Libertad-PAR. E vingou em Montevidéu a derrota para os uruguaios do Nacional. Ficou empatado em pontos com o Libertad e passou em segundo apenas por um gol pró. Parece pouco mas fez uma puta diferença. Enquanto o Libertad vai pegar o meia boca Cruz Azul para depois cruzar com uma decadente Universidad do Chile ou um mediano Deportivo Quito, o Vasco pegará nas oitavas os argentinos do Lanús para, se passar, provavelmente cruzar nas quartas com o Corinthians.

Seguem abaixo os confrontos das oitavas, na ordem, com meus palpites em negrito:

Fluminense x Internacional
Unión Española x Boca Juniors
Universidad do Chile x Deportivo Quito

Libertad x Cruz Azul
Corinthians x Emelec
Lanús x Vasco
Santos x Bolívar
Vélez Sarsfield x Nacional de Medellín

 
Infelizmente tivemos um brasileiro eliminado já na primeira fase. O Flamengo, dos milionários Ronaldinho Gaúcho e Vágner Love, sucumbiu no grupo 2 que também contava com o Lanús-ARG, o Olimpia-PAR e o Emelec-EQU. Na última rodada tivemos aquele espetáculo de emoção no jogo de Assunção entre Olimpia e Emelec. Tudo isso enquanto os flamenguistas permaneciam em campo ouvindo o jogo no radinho. Os cariocas precisavam de um empate no Paraguai para se classificarem. O jogo estava 1x1 até os 42 quando o Emelec marcou o segundo. Tristeza no Rio. Foi então que heroicamente o Olimpia empatou de novo aos 45. O Engenhão explodiu em êxtase. Por dois minutos. Aos 47 o Emelec conseguiu um terceiro gol inexplicavelmente incrível. E foi assim, com requintes da mais pura crueldade, que o Flamengo foi eliminado.

No entanto sabemos que não foi esse jogo que eliminou o Flamengo. Neste dia o time goleou o Lanús por 3x0. Fez o que tinha que fazer. O que eliminou o Flamengo foi cometer um dos pênaltis mais imbecis dos últimos tempos contra o próprio Emelec no Equador quando faltavam dois minutos para o fim do jogo. O que eliminou o Flamengo foi o fato de abrir 3x0 contra o Olimpia no Rio e, nos últimos 15 minutos permitir um empate absurdo. O que eliminou o Flamengo foi demitir o treinador a pedido de seu jogador de pior custo benefício, que inclusive ameaçou ir embora.

O Flamengo fez suas escolhas e hoje tem Ronaldinho Gaúcho como seu "Poderoso Chefão".

Tem Joel Santana no papel do técnico bundão.

Tem um elenco que só faz papelão.

Uma torcida que não aguenta mais humilhação.

E quase um mês de férias forçadas até começar o Brasileirão.