Você está surpreso
com a posição do Atlético-PR na classificação do Campeonato Brasileiro?
Não consegue entender
como o Furacão venceu tantas equipes teoricamente superiores a ele?
Fica impressionado
sempre que vê a velocidade do jogo imposta pelo rubro-negro em suas partidas?
Pois não devia. Se
parar pra pensar em todo o ano de 2013, entenderia a nítida razão do sucesso
paranaense.
Ao contrário dos
outros 19 times da Série A, o Atlético foi o único que pôs em prática o jeito
certo de se tratar Campeonato Estadual.
Não entendeu a
relação entre Estadual e Brasileiro? Eu explico.
A diretoria do
Furacão entrou em 2013 com um planejamento diferente do que estamos acostumados
por aqui. Não usaria seu time principal no Campeonato Paranaense. A final sempre
é Atlético e Coritiba mesmo, então que se colocasse o sub-23 pra enfrentar
Cianortes, Londrinas e Maringás, enquanto o grupo principal ficaria focado
apenas na preparação para Brasileirão e Copa do Brasil.
Resultado: o sub-23
do Atlético foi vice-campeão paranaense perdendo a final para o Coritiba
enquanto a equipe principal realizou incríveis 80 dias de pré-temporada.
“Ah Dello, olha aí,
os caras perderam pro maior rival, a torcida deve ter caído de pau, blá, blá,
blá...”
Caiu de pau mesmo.
Torcedor não entende esse tipo de coisa.
No primeiro semestre,
o planejamento foi duramente questionado (inclusive pela imprensa “especializada”
do Paraná). O time entrou em crise e tudo mais.
Chegou a Copa do
Brasil. Brasil de Pelotas, América-RN e Paysandu ficaram pelo caminho. Até aí
nada mais que a obrigação.
No Brasileirão, um
começo errante de oito jogos com quatro empates e apenas uma vitória.
Nitidamente o Furacão não estava se utilizando bem de seu maior trunfo pra
2013.
Na sexta rodada
chegou Vágner Mancini para o lugar de Ricardo Drubscky. O treinador assistiu
dos camarotes do Couto Pereira o clássico Atletiba, válido pela sétima rodada e
que terminou com vitória Coxa Branca por 1x0. Assumiu no “jogo-enchente” contra
o Corinthians. Empate por 1x1 num jogo que nem pôde ser avaliado decentemente
devido às péssimas condições do gramado.
Ainda assim o jogo
marcou uma mudança de percepção do novo treinador.
Após pressionar atual
campeão do mundo até o fim do jogo num gramado pesadíssimo, Vágner chegou a uma
conclusão: O Atlético tinha “mais pernas” do que seus adversários. E precisa se
aproveitar disso.
Desde então o estilo
de jogo do Atlético mudou. Passou a apostar na velocidade. Sabendo-se que os
outros times “cansariam” antes, o Furacão força o jogo de correria pelas pontas desde o início e colhe
os frutos do cansaço alheio nos segundos tempos dos jogos.
Assim bateu na
Portuguesa, no Goiás, no Bahia, no Náutico, no Criciúma, no Santos e na sensação
Botafogo, do holandês Seedorf.
Assim foi o primeiro
time a bater o campeão da América, Atlético-MG, dentro do temido Estádio
Independência, no bairro do Horto.
Assim pôde atropelar
o ascendente Palmeiras no jogo de volta das oitavas de final da Copa do Brasil
com três gols no segundo tempo.
Desde aquele Atletiba
que Mancini assistiu, o Atlético não sabe mais o que é uma derrota no
Brasileirão.
Acabou o primeiro
turno e os caras tão lá, firmes e fortes no G4. Com quatro pontos de vantagem
pra quem tá fora.
O time principal do
Atlético, em 2013, fez até o momento 26 partidas oficiais. O Corinthians, por
exemplo, já passou de 50 (52 pra ser mais exato).
Percebeu? O Furacão
não tem mais como alcançar neste ano inteiro (nem chegando na final da Copa do
Brasil) o número de jogos que o Corinthians fez até a primeira semana de
setembro.
O desgaste físico que
os jogadores de todos os clubes brasileiros tinham neste fim de semana, um
jogador do Atlético só terá na última rodada, em dezembro.
Se isso não é
vantagem, eu não sei o que é.
Claro que; tendo em
vista a disparidade técnica que separa o Atlético de Inter, Grêmio, Botafogo,
Corinthians e etc; existe a chance do Furacão não conseguir terminar o
campeonato no G4.
Mas imagine se
algum destes grandes elencos citados acima estivesse com a mesma condição física dos
comandados de Mancini. Provavelmente teríamos um campeão com seis rodadas de
antecedência.
E o que é preciso pra
isso? Claro, parar de desperdiçar energia com bobagem e colocar os estaduais em seus devidos lugares.
Enquanto os grandes
clubes brasileiros não tratarem os estaduais como torneios amistosos de
preparação, colocando titulares NO MÁXIMO nos clássicos e suplentes no resto,
nossos principais jogadores chegarão sempre cansados no Brasileirão.
Foi só essa percepção
que deu ao Atlético a chance REAL de conquistar uma vaga pra Libertadores-14, tanto pelo Brasileirão quanto pela Copa do Brasil.