quinta-feira, 6 de junho de 2013

Galo bom só canta depois do dia clarear

Quase deu m...eleca.

O Atlético-MG é o grande favorito da Libertadores desde a desclassificação do Corinthians contra o Boca Juniors. Está jogando um futebol muito atraente. Fazendo gols. Invicto em casa. O time todo correndo muito e tal.

E nessa hora, quando o favoritismo se instalou definitivamente em BH, o Galo cometeu o eterno erro dos franco favoritos.

Time, treinador e até torcida acreditaram ser imbatíveis. A máscara do pânico (uma puta ideia, diga-se de passagem) antes do jogo exemplificava isso.

O sentimento do “comigo ninguém pode” tomou conta. E por um milagre a derrota mais doida da história atleticana não veio quinta-feira passada.

E assim, o que aprendemos no último dia 30 no Estádio Independência amiguinhos?

A acomodação é um dos pecados capitais do futebol.

Vamos lá, o que tem feito o Atlético-MG vencer tantos jogos e marcar tantos gols em 2013? A intensidade do seu jogo.

O primeiro gol contra o São Paulo na goleada por 4x1 é um exemplo gritante disso. Naquele momento, a adrenalina era tão grande que o Jô marca o gol, segue correndo na direção do chute pra comemorar e o Tardelli segue correndo para o outro lado. A correria não para nem na hora da festa.

Aí, não mais que de repente, por ter feito dois gols fora de casa e estar passando frequentemente no Globo Esporte, o Galo decidiu que o jogo de volta contra os Cucarachas, podia dar uma Barcelona.

Quando com a bola, tocou beirando a displicência, girou sem pressa, entrou na área com no máximo três e não verticalizou os lances.

Tudo ao inverso do que vinha fazendo (com sucesso) até então.

Tomou o gol.

Empatou antes do intervalo. E o susto não foi suficiente pra mudarem essa postura no 2º tempo.

Eis que, aos 43 minutos do segundo tempo, surge um daqueles castigos que faz a pessoa repensar a vida. Pênalti pros Gutierrez.

Imaginei o que passou na cabeça daquele povo todo durante aqueles quatro minutos que separaram a marcação da penalidade da cobrança de Reascos.

“Por que senhor? Por quê? Tava tudo tão lindo, um sonho tão bonito. Todo mundo teve sua vez. Até o Corinthians ano passado conseguiu. Por que este ano não ser nossa vez? Por que és tão cruel futebol? Nunca mais virei a um estádio. Nunca mais quero saber de futebol.”

Torcedores, jogadores, presidente e principalmente o Cuca (que tem um histórico que já conhecemos). Todos aqueles corações apertados por um sonho que ia embora por puro vacilo de todos os envolvidos.

O futebol é cruel, mas pode ser lindo.

E, como sabem, Victor pegou o pênalti com o pé.

É um cara que merecia ter na carreira uma noite dessas que faz do cara um mito eterno.

O Atlético-MG está classificado para as semifinais da Copa Libertadores da América 2013.

Volta a ser o favorito ao título e, assim como aconteceu com o Vasco em 98 e com o São Paulo em 2005, jogará a “final na semi”, já que o Newell’s é nitidamente mais forte do que qualquer provável finalista.

Mas, se for pra final, não pode nem cogitar pensar nisso que acabei de dizer sobre Olimpia e Independiente Santa Fé.

Nem todo mundo que cair no Horto estará automaticamente morto.

Antes o Galo precisa ir lá e matar. Seja o Newell’s, seja o Náutico.

Esperamos que a lição tenha sido aprendida.

Na próxima não vai ter perdão.