Por Felipe Noronha
E pode ter acabado neste domingo, com o terceiro título
paulista consecutivo. Pode ser que o Santos caia para o Vélez. Pode ser que
perca a Recopa para a Universidad. Pode fazer mais um Brasileiro morno.
Por isso, não deixe a sensação de que essa foi “só mais uma
taça” te tomar. Aproveite-a. Pode ter sido a última da segunda maior geração da
história do Santos Futebol Clube. E por isso o torcedor não deve se poupar de
ir à Vila, ao Pacaembu, ao Morumbi, ou em qualquer outro estádio que o Santos
jogar.
A ideia de guardar dinheiro, por exemplo, faz sentido, mas
não é o momento. Guarde daqui um tempo, quando nem Neymar, nem Arouca, nem
Paulo Henrique estiverem mais aqui (por mais que o desejo seja de que fiquem
anos e anos). Se você preferir ficar em casa agora, perderá momentos históricos
do clube, certamente, nem que seja “apenas” outra atuação esplendorosa do
menino camisa 11.
Era Neymar (?)
Enfim, estamos presenciando uma Era. Seria a Neymar? Talvez.
Por frequentar a Vila Belmiro e outros estádios nos quais o Santos joga, fico
feliz quando ouço certas coisas. Como um filho apontando pro pai: “Olha, é o
Arouca ali!”. Aconteceu ao meu lado no jogo contra o Bolívar. A geração atual
de torcedores idolatra, sim, o menino de moicano. Mas reconhece a grandeza de
cada peça dessa Era.
A definição Era Pelé me incomoda. Não que ele não mereça.
Mas parece que isso esconde a grandeza de Pepe, Dorval, Mengálvio, Zito,
Gilmar, Calvet, Ramos Delgado, Mauro e outros 45 nomes (e Coutinho incluso,
apesar de sua ranhetice atual). Por isso, cada partida absurda de Arouca, cada
desarme de Pagode, cada defesa de Rafael, cada passe de Paulo Henrique, cada
gol de Borges, às vezes ficam escondidos atrás do que Neymar faz.
Por isso, afirmo que estamos vivendo uma Era. Mas que não a
batizem. Pelo menos não agora. Volto ao que disse no início: se é uma Era,
aproveitem-na. Cada jogo estará na história.
Elenco
Como citei alguns pontos de nosso elenco, posso dissertar
sobre, certo? Talvez seja errado, mas irei mesmo assim. O elenco é incompleto.
E mesmo assim é um dos mais fortes do Brasil. “Será que sem Neymar o Santos
seria o mesmo?”, perguntam comentaristas. Meus caros, o Neymar é do Santos e,
enquanto ninguém quebra-lo na pancada, continuará. Eu não discuto como seria o
time sem ele.
O Santos tem time para brigar pelo título da Libertadores
novamente. Mas não tem para o Brasileiro. Por mais que Muricy e companhia digam
que querem lutar, não dá. Temos três grandes goleiros (o Vladimir é genial, vão
por mim), mas é a única posição bem servida. A lateral direita tem Fucile? Quem
sabe? Ninguém sabe quando ele volta, ou se fica após julho. Maranhão não dá.
Gérson Magrão ninguém sabe com que perna joga.
Léo, por mais que eu queria que se torne presidente logo, é
bem isso: está mais perto de se tornar presidente do que continuar jogando em
alto nível. Juan é Juin (enfim...). E não me venham falar que encaixou no time.
Erra muito, atrapalha as jogadas pela esquerda mais que ajuda. Crystian é
promessa há muito tempo.
Na zaga, a dupla titular e que jamais mudará não passa
confiança a ninguém. Os reservas são médios ou fracos. A volância titular é
genial, Arouca e Pagode são maravilhosos. Mas Henrique não consegue encaixar
sequência de bons jogos e o resto, bom, é o resto. Na meia, se livram de um
cara útil, Ibson, e mantém um morto, Elano. Paulo Henrique é ótimo, é claro,
mas ficando 67 partidas de fora, quem jogará? F. Anderson? Hum.
No ataque, um gênio e dois esforçados. Mas no banco ninguém.
Wasón, Dimbalada e companhia são esforçados, mas não “se garantem”. Por isso,
vejo necessidade de reforços em TODAS as posições.
“Mas com tantas críticas, Felipe, como você vê esse time
tendo chances na Libertadores?”. O time titular é fantástico quando quer, meu
caro. Mas tá aí o problema. Quando quer. E se acordar contra o Vélez, por
exemplo, num dia ruim? Tudo pode acabar. O Santos costuma se deixar levar pela
ideia de que ganha quando quer qualquer partida. Uma hora isso acaba. E a
cada jogo essa hora se aproxima, não é?
Libertadores
Bom, isso é o que todos nós, santista, queremos, certo? O
tetra. É um sonho, assim como por 48 anos o Tri era o que desejávamos. É
possível, mas muito complicado.
Se fosse analisar time por time, concordo que o Santos é
melhor que o Vélez (e que qualquer outro da competição). Mas esses moleques
nunca jogaram na Argentina. E é aí que aumenta meu medo. Mas, veja, é também a
chance de calar todo mundo que fala (e é muito sem nexo, isso, tem que ser
débil demais): “Mas o Santos ganhou a Libertadores sem enfrentar brasileiros ou
argentinos”.
Se eles caíram antes, problema deles. Mas é a chance. Já
passamos pelo Inter, quem sabe do Vélez? Aliás, curiosidade: essa geração já
enfrentou bolivianos, brasileiros, mexicanos, uruguaios, paraguaios,
colombianos, peruanos, chilenos e venezuelanos. Só falta um argentino, que será
agora, e equatorianos, que não será esse ano. Ou seja, é um time que rodou por
todas as escolas da Libertadores. Já provaram que são capazes, não?
Penso que serão dois grandes jogos contra o Vélez. Em José
Almafitani, o ideial na minha visão é a tática “dá um jeito de defender e
quando roubar a bola dá pro Neymar”. O time ganha sempre que encaixa essa
tática, não tem porque mudar. Na Vila (ou Pacaembu, Morumbi, Barueri, Acre), a
tática é começar pressionando jogando a bola pro Neymar, independente do
resultado da ida, e aos poucos ir adaptando o jogo ao resultado anterior.
Se perder, ataque de tudo quanto é jeito desde que a bola
passe pelo Neymar. Se empatar, e o jogo estiver empatado, pressão sim, mas mais
toque de bola no meio e movimentação do moleque.
Se ganhar na Argentina,
enrola, e só ataca na boa (leia-se toca para o Neymar). Ganharam uma
Libertadores assim. Não tem porque mudar, pelo menos por enquanto.
Apostas