segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Descansou

Nós, fãs de futebol aqui no Brasil, temos vários entes queridos. Doze deles em especial são os mais importantes e mais presentes em nossas vidas. 

Quatro moram em São Paulo, quatro moram no Rio, dois moram em Minas e dois no Rio Grande do Sul.

É difícil pra nós nos preocuparmos com doze pessoas ao mesmo tempo. Mas podemos dizer que, cada um ao seu modo, onze deles estão encerrando o ano na boa.

Uns mais felizes pelas conquistas alcançadas em 2012, outros nem tanto. Tem um que tá até com viagem marcada pro Japão agora em dezembro.

Enfim, quase todos numa boa esperando 2013.

Quase todos.

Um de nossos entes paulistas teve um primeiro semestre promissor, que se converteu num segundo do mais puro sofrimento e angústia.

Nosso coirmão, que só veste verde e branco, entrou em 2012 com promessas de mais dedicação para não repetir os fracassos de 2011. Não aguentava mais ser motivo de chacota de todos os seus coirmãos.

Contudo, no primeiro desafio que a vida lhe apresentou, não foi páreo para nosso primo do interior de São Paulo (que também só usa verde e branco, vejam só vocês).

Passado esse momento de tristeza, restava ainda o objetivo maior, a disputa com alguns coirmãos de todo o Brasil. E aqui o Verde foi forte, guerreiro, lutador.

Se não deu show de talento, apresentou uma garra que lembrou seus melhores anos (ah, aquela década de 90).

E não deu outra, nosso coirmão paulista conquistou seu objetivo e garantiu o direito de desafiar uma galera de outros países no ano que vem. A alegria era geral e incontida.

No entanto, nosso irmão exagerou na dose de comemoração. Durante a festa, deixou todo o resto de lado. Perdeu dinheiro, emprego e família Scolari. Quando se deu conta, estava arrasado entre os seus.

Percebeu que seria necessário remar muito para sair daquela situação, mas, já doente e de cama, não conseguia sair do lugar.

Neste mês, esteve com os irmãos cariocas em busca da última chance de salvação. Tudo em vão.

Seu novo maior fracasso se juntou as frequentes humilhações numa combinação que piorou demais seu estado de saúde. Muitos dos que tiraram sarro de sua queda, passaram a torcer pela sua recuperação.

Mas depois de quatro meses acamado, sem perspectiva de melhora, neste fim de semana ele partiu. Encontrei o querido rubro-negro carioca, último a vê-lo com vida, no corredor do hospital. E ouvi aquela triste frase que todo mundo usa quando um parente vai embora.

“Ele tava sofrendo muito Dello. Agora descansou, vai ser melhor”.

Realmente ele estava sofrendo demais. Também é verdade que agora poderá descansar, longe dos olhares dos irmãos bem sucedidos e agourentos.

Mas se vai ser melhor eu não sei.

Há dez anos ele passou por isso. E hoje está passando de novo.

Só vai ser melhor quando ele voltar refeito, com um novo pensamento e um novo modo de ver a vida.

Só vai ser melhor quando ele se desprender definitivamente de um passado em que frustrou seu irmão da zona leste na busca pela América.

Só vai ser melhor quando ele esquecer de uma vez por todas o período em que aquela italiana rica bancou todas as suas vontades por quase uma década.

Foram bons (aliás ótimos) momentos. Mas ficaram no passado. Já foi, acabou.

Vamos por favor andar pra frente. Essa cabecinha de colono que você traz de seus antepassados não cabe mais hoje em dia.

Pare de tentar fazer da sua vida um filme da máfia italiana. Amadureça, se atualize, se mostre grande.

Ano que vem você estará de casa nova e com viagens marcadas por toda a América.

E não vai poder aproveitar nada.

Pelo menos não antes de levantar dessa cama de UTI.

Quero deixar pra você os meus mais sinceros desejos de melhoras. E que ao renascer, sua vida mude totalmente.

Força Palmeiras. Até 2014.