Quatro moram em São Paulo, quatro moram no Rio, dois moram em
Minas e dois no Rio Grande do Sul.
É difícil pra nós nos preocuparmos com doze pessoas ao
mesmo tempo. Mas podemos dizer que, cada um ao seu modo, onze deles estão
encerrando o ano na boa.
Uns mais felizes pelas conquistas alcançadas em 2012,
outros nem tanto. Tem um que tá até com viagem marcada pro Japão agora em
dezembro.
Enfim, quase todos numa boa esperando 2013.
Quase todos.
Um de nossos entes paulistas teve um primeiro semestre
promissor, que se converteu num segundo do mais puro sofrimento e angústia.
Nosso coirmão, que só veste verde e branco, entrou em
2012 com promessas de mais dedicação para não repetir os fracassos de 2011. Não
aguentava mais ser motivo de chacota de todos os seus coirmãos.
Contudo, no primeiro desafio que a vida lhe
apresentou, não foi páreo para nosso primo do interior de São Paulo (que também
só usa verde e branco, vejam só vocês).
Passado esse momento de tristeza, restava ainda o
objetivo maior, a disputa com alguns coirmãos de todo o Brasil. E aqui o Verde
foi forte, guerreiro, lutador.
Se não deu show de talento, apresentou uma garra que
lembrou seus melhores anos (ah, aquela década de 90).
E não deu outra, nosso coirmão paulista conquistou seu
objetivo e garantiu o direito de desafiar uma galera de outros países no ano
que vem. A alegria era geral e incontida.
No entanto, nosso irmão exagerou na dose de
comemoração. Durante a festa, deixou todo o resto de lado. Perdeu dinheiro,
emprego e família Scolari. Quando se deu conta, estava arrasado entre os
seus.
Percebeu que seria necessário remar muito para sair
daquela situação, mas, já doente e de cama, não conseguia sair do lugar.
Neste mês, esteve com os irmãos cariocas em busca da
última chance de salvação. Tudo em vão.
Seu novo maior fracasso se juntou as frequentes
humilhações numa combinação que piorou demais seu estado de saúde. Muitos dos
que tiraram sarro de sua queda, passaram a torcer pela sua recuperação.
Mas depois de quatro meses acamado, sem perspectiva de
melhora, neste fim de semana ele partiu. Encontrei o querido rubro-negro carioca,
último a vê-lo com vida, no corredor do hospital. E ouvi aquela triste frase
que todo mundo usa quando um parente vai embora.
“Ele tava sofrendo muito Dello. Agora descansou, vai
ser melhor”.
Realmente ele estava sofrendo demais. Também é verdade
que agora poderá descansar, longe dos olhares dos irmãos bem sucedidos e
agourentos.
Mas se vai ser melhor eu não sei.
Há dez anos ele passou por isso. E hoje está passando
de novo.
Só vai ser melhor quando ele voltar refeito, com um
novo pensamento e um novo modo de ver a vida.
Só vai ser melhor quando ele se desprender
definitivamente de um passado em que frustrou seu irmão da zona leste na busca
pela América.
Só vai ser melhor quando ele esquecer de uma vez por
todas o período em que aquela italiana rica bancou todas as suas vontades por
quase uma década.
Foram bons (aliás ótimos) momentos. Mas ficaram no
passado. Já foi, acabou.
Vamos por favor andar pra frente. Essa cabecinha de
colono que você traz de seus antepassados não cabe mais hoje em dia.
Pare de tentar fazer da sua vida um filme da máfia
italiana. Amadureça, se atualize, se mostre grande.
Ano que vem você estará de casa nova e com viagens
marcadas por toda a América.
E não vai poder aproveitar nada.
Pelo menos não antes de levantar dessa cama de UTI.
Quero deixar pra você os meus mais sinceros desejos de
melhoras. E que ao renascer, sua vida mude totalmente.