quinta-feira, 26 de julho de 2012

Vai começar Brasil! Estamos prontos?

É amigos, tá chegando a hora. Nesta sexta-feira, às 17h do horário de Brasília, acontece a cerimônia de abertura dos XXXos Jogos Olímpicos de Verão, em Londres, na Inglaterra.

Lembrando sempre que não há “Inglaterra” nas competições olímpicas meu povo. Ingleses, galeses, escoceses e norte-irlandeses se juntam e formam o “Bonde da Grã-Bretanha”.

Enfim, danem-se eles, o que importa pra gente são os atletas brasileiros.

Já estamos na expectativa pelas medalhas e histórias que virão.

Mas será que nossos brasileirinhos vão conseguir resultados positivos nos Jogos?

É possível sonharmos com uma posição entre os dez primeiros do quadro de medalhas?

Vamos bater nosso “recorde” de 15 medalhas?

Teremos representantes em 27 das 30 modalidades olímpicas (as exceções são o badminton, o hóquei sobre a grama e o pólo aquático), e é bom a gente saber onde podemos arrumar alguma coisa (não necessariamente medalhas, campanhas dignas já são bem legais).

Estão prontos?

Atletismo – Começando pela modalidade mais ampla. Não temos velocistas em condições de ganhar medalhas (desculpem Bruno Lins e Ana Cláudia Lemos, mas é verdade), portanto esqueçam 100, 200, 400m e variáveis. Mas levaremos dois bons maratonistas, o Franck Caldeira e o Marílson (o Solonei Silva, vencedor da Maratona de São Paulo, seria outro bom candidato, mas não conseguiu vaga). Só que maratona é aquela coisa, retrospecto não vale nada e favoritismo não existe. Tanto é assim que a prova é a mais antiga da história dos Jogos Modernos e, até hoje, só cinco africanos venceram. Maurren Maggi tentará (sem sucesso) defender seu ouro de 2008 no salto à distância. Está em fim de carreira e se conseguir um bronze já será um feito. Chance clara de medalha no atletismo brasileiro é mesmo com a Fabiana Murer, no salto com vara. Em condições normais, só perde mesmo pra Isimbayeva. Num dia de sorte, pode até buscar ouro, não é impossível. Basta guardar bem a vara dessa vez.

Basquete – E os cuecas estão de volta às Olimpíadas! Depois de um longo inverno voltaremos a competir no basquete masculino. Chance de medalha? Até tem, mas é difícil, fique claro. Mesmo assim vale a pena torcer. O time tem bons nomes, um técnico altamente competente e tá trabalhando faz tempo por esse objetivo. Fez a poucos dias um jogo amistoso de preparação contra os EUA. Perdeu, claro, mas foi bem decente em quadra. O inegável recurso técnico dos rebeldes da NBA, aliado a grande fase de Marcelinho Huertas, pode nos levar bem longe. Pras meninas a tarefa é ainda mais difícil. Além de não viver fase tão boa quanto os meninos, tem mais concorrentes em condições de brigar por prata e bronze (os EUA são obviamente favoritos ao ouro aqui também). Inclusive perderam um amistoso preparatório contra a França, seleção que está no grupo brasileiro. O (novo) corte de Iziane pode ser decisivo pra enterrar de vez qualquer possibilidade de pódio.

Boxe – Então, os meninos do boxe estão empolgados esse ano. Mas tem Cuba né? Os caras promovem quase que um “monopólio” das medalhas do boxe. As que sobram costumam ficar com os também bons lutadores do Cazaquistão. Acho difícil rolar alguma coisa superior à um bronze (se rolar). Os que talvez tenham mais chances de alcançar o feito são Everton Lopes, campeão mundial entre os amadores, e Yamaguchi Florentino. Entre as meninas talvez, e somente talvez, Roseli Feitosa tenha alguma chance, mas não acredito.

Canoagem – Essa acabou decepcionando já nas vagas conquistadas.

Alguns resultados vinham evoluindo nas edições de Sidney e Atenas, houve queda em Pequim, mas se esperava uma reação pra Londres. Sem sucesso.

Apenas três atletas irão competir e nenhum deles tem chance considerável de medalha.

Ciclismo – Não é tradição nossa obter grandes resultados no ciclismo olímpico.

Nove atletas competirão nas categorias BMX, Estrada e Montain Bike.

O bi-campeão brasileiro de ciclismo de estrada Murilo Fischer deve ser o que mais vai se aproximar das dez primeiras posições.

Esgrima – O Brasil mandará três representantes. Dois deles, novatos (o que reduz bastante as chances de bons resultados). Para estes, o “bom resultado” é ter conseguido uma vaga para os Jogos.

O destaque deste pequeno grupo é o jovem Guilherme Toldo de 19 anos, que compete na categoria Florete Individual. Medalhas na esgrima ainda são um sonho bem distante pra nós.

Futebol – Todo mundo sabe pelo menos um pouco do que está rolando no futebol masculino. Mano Menezes teve de cortar de última hora o goleiro Rafael Cabral por contusão. De resto, tudo em ordem. O time é bom e tem reais condições de levar o ouro. Maaaaaaaaas, são meninos e não sabemos bem como irão reagir “na hora do vamô ver”. A derrota para o México mostrou bem o que pode dar errado em Londres. Se jogar como nas outras partidas (inclusive na derrota pra Argentina), é favorito. No feminino a sensação é de última chance. Essa geração talentosa e marcada pelo fracassos em Copas do Mundo e Olimpíadas chega ao fim de um ciclo. Marta ainda terá lenha pra queimar no Rio em 2016. Mas Andreia, Daiane, Aline, Formiga, Ester, Maurine e Cristiane dificilmente chegarão aos próximos Jogos. As chances de vitória dessa vez são menores. Os jogos preparativos mostraram um time muito inconstante e falho. Mas se quando o favoritismo era total, tudo deu errado, talvez dessa vez aconteça o contrário. Sabe como é futebol né?

Ginástica – As meninas da ginástica ainda “choram” o corte de Jade Barbosa da equipe. Sua companheiras Laís Souza, Daniele Hipólito e Daiane dos Santos serão responsáveis por conduzir o time feminino. Daniele e Daiane estão velhas (pros padrões da Ginástica Artística), portanto a chance de medalhas pras nossas ginastas é muito improvável, diria quase nula. Mas como sempre vai rolar todo um auê em volta delas. Que se converterá em massacre logo após o fracasso. Entre os três homens classificados Sérgio Sasaki é dos que comemorou conquistar uma vaga. Arthur Zanetti tem capacidade e deve ficar em posições próximas ao pódio nas argolas. E o meninão Diego Hipólito vai (de novo) como favorito no solo. É bom ganhar dessa vez, porque ninguém aguenta mais esse vai-não-vai de toda Olimpíada. Tem recurso técnico e capacidade pra ganhar alguma coisa, basta não tremer na base.

Handebol – Só as meninas se classificaram, após o ouro no Pan de Guadalajara (sim, o masculino conseguiu perder o Pan). Briga por medalha é quase impossível.

Suécia, Rússia, França, Montenegro e Noruega estão anos-luz à nossa frente.

O negócio então é fazer o melhor possível e buscar uma posição entre as oito melhores.

Halterofilismo – Fernando Reis levou ouro no Pan de Guadalajara e bateu o recorde sul-americano ao levantar 410 kg de peso combinado (185 kg no arranque e 225 kg no arremesso). Dizer que briga por medalha olímpica é demais. Contudo pode ter bom desempenho e se posicionar entre os dez primeiros. Jaqueline Ferreira, nossa outra representante, corre por fora e não deve conseguir grandes resultados.

Hipismo – Rodrigo Pessoa está de volta. O que deve atrair as atenções da mídia nacional para este desporto. As disputas de hipismo costumam ter surpresas. Vez ou outra o cavalo do favorito tropeça, refuga ou se afoga no fosso. Por isso não dá pra dizer que não temos chances. O que dá pra falar e que, se tudo correr dentro da normalidade, perderemos. No adestramento individual, com Luiz Almeida, CCE e saltos por equipes; com Rodrigo Pessoa, Álvaro de Miranda Neto, José Roberto Fernandez, Luiz Francisco de Azevedo (só nome de rico, tá loco) e Cacá Ribas; podem vir os melhores resultados.

Judô – Temos os dois líderes dos rankings mundiais (feminino e masculino), Mayra Aguiar e Leandro Guilheiro. Outros bons nomes também estarão nas disputas. Rafaela Silva, Leandro Cunha, Rafael Silva, Erika Miranda, Sarah Menezes e Thiago Camilo também são esperança de boas campanhas. Medalhas devem vir. Não muitas, mas devem vir. Acredito em três.

Dá pra torcer legal por um ouro. 

Lutas – Joice Silva é nossa única representante na Luta Olímpica. Ela foi prata no pré-olímpico da Finlândia na categoria até 55 kg.

Não briga por medalha em Londres, mas como está sozinha na categoria, torço pra que consiga um desempenho bem legal.

Nado Sincronizado – As gêmeas Bia e Branca... Brincadeira. Nossas representantes em Londres são Nayara Figueira e Lara Teixeira. Ficaram conhecidas por usarem esse maiô que simula o corpo humano com desenhos do sistema circulatório, lembram?

Conseguiram a vaga graças ao nono lugar da Copa do Mundo.

Também não brigam por medalha.

Natação – Começando pelas meninas, destaco a Poliana Okimoto na maratona aquática. Não seria surpresa uma medalha da “japinha”. Daynara de Paula, Joanna Maranhão e Fabíola Molina não devem conseguir nada. Já entre os cuecas, quatro nomes se destacam. Bruno Fratus se destacou no Pan 2011 com a prata do 50m livres. Não briga por medalha mas deve se aproximar disso. Kaio Márcio é “o cara” brasileiro no nado borboleta. Briga bem por medalha e, dependendo do menino Phelps, pode até sonhar com o topo. Meu xará Felipe França é quase certeza de medalha nos 50m peito. Só uma zebra muito grande o tira do pódio. Se tudo correr normal, ouro pra ele. E por fim o meninão, o pop, o “mais rápido do mundo”, César Cielo. Ainda é absoluto nos 50m livres. Nos 100m já foi mais favorito, mas ainda deve levar. Em grande fase, pode até colocar o 4x100m no pódio, mas isso é muito mais difícil. Ah, esqueci o quase “global” Thiaaaaaaaaaaaaago Pereira. Ele vai nadar nos 200 e 400m medley. O cara é “tão bom” que não entrou nem na equipe de 4x100m livres. Nem mesmo na de 4x100m medley, que é sua “especialidade”. O Daniel Orzechowski, que só nada costas, entrou no medley e o Thiago não. Não preciso falar mais né?

Pentatlo Moderno – Yane Marques, prata do Pan de Guadalajara, é nossa única representante nesta modalidade de tão alto “garbo”.

Mas infelizmente é daqueles casos que vai bem no Pan porque não enfrenta (por motivos óbvios) os europeus.

Na Olimpíada, alemães, russos, lituanos e bielorrussos (vejam só vocês), são os grandes favoritos.

Remo – Kissya Costa e Anderson Nocetti disputarão o skiff simples, sem chances de medalhas. Já a campeã mundial Fabiana Beltrame, disputará no skiff duplo leve, junto à Luana Bartholo. Seria uma das favoritas, se fosse sua especialidade. Fabiana é campeã do mundo no skiff simples leve, categoria que não é olímpica. Portanto, não iremos remar pra medalhas este ano.

Saltos Ornamentais – César Castro e Juliana Veloso no trampolim de 3m, e Hugo Parisi no trampolim de 10m, são os nossos nomes em Londres.

Se classificaram bem no pré-olímpico, mas dificilmente vão ameaçar o lugar de austríacos, canadenses e chineses no pódio.

Não acredito em medalhas por aqui, mas dá pra buscar as posições mais próximas aos três primeiros.

Taekwondo – Um doce pra quem adivinhar quem são nossos dois representantes do taekwondo. Diogo Silva e Natália Falavigna seguem na busca pela primeira final olímpica. Diogo aliás busca a primeira medalha, seja ela qual for. Está em melhor forma que Natália, por isso tem mais chance de brigar. Falavigna por sua vez já começa a sentir o peso da idade e não ganha nada desde as Universíadas de 2009, em Belgrado.

Tênis – Marcelo Melo e Bruno Soares, André Sá e Thomaz Belucci formam as duplas que irão perder competir nas quadras de Wimbledom. Belucci jogará também no individual. Mas como todos os primeiros colocados do ranking mundial estarão nas Olimpíadas (com exceção de Rafael Nadal, lesionado), nem cabe discutirmos briga por medalhas ou primeiras posições. É ir lá, marcar presença e voltar. Pra quem curte tênis, vai ser bem mais legal assistir o Federer e o Djokovic.

Tênis de Mesa – Bom, no ping-pong (brincadeira amigos mesa-tenistas), Gustavo Tsuboi e o interminável Hugo Hoyama são nossos representantes. É mais um daqueles casos de atletas que vão bem pra caramba nos Pan-Americanos e não conseguem nada na Olimpíada. A melhor posição do “Mr. Pan” Hugo Hoyama em Jogos Olímpicos foi um nono lugar em Atlanta, em 1996. Em Londres, é quase nula a chance de entrarem entre os dez primeiros.

Tiro – Filipe Fuzaro e Ana Luiza Mello nos representarão. Ana inclusive será a primeira brasileira a atirar nos pratinhos olímpicos desde 1992. Também não é caso de esperarmos briga por medalhas.

Ambos conquistaram suas vagas pelo Campeonato das Américas de Tiro Esportivo.

Contra os europeus no entanto, a chance de vitória é nula.

Tiro com arco – Nossa tradição por aqui também é quase nula. Bernardo Oliveira e Daniel Xavier estarão lá para nos representar. Danilo conquistou sua vaga em uma das etapas da Copa do Mundo de Tiro com Arco. Dificilmente passará da fase de 32 avos de final.

Já Bernardo ganhou a prata no pré-olímpico de Medellín, na Colômbia. Sonha com as oitavas-de-final e só.

Triatlo – Reinaldo Colucci levou o ouro no Pan 2011, Diogo Sclebin e Pamella Oliveira se classificaram pelo ranking. É prova de resistência, portanto não podemos limar as chances de ninguém. Não são favoritos a nada, longe disso aliás. Mas estamos sujeitos a surpresas.

Uma medalha brasileira, por exemplo, seria uma do tamanho da London Eye.

Vela – O único destaque brasileiro na vela é a dupla Robert Scheidt e Bruno Prada na classe star. Dizer que “vão pro ouro” é exagero.

Mas brigam sim por medalha.

Como os vencedores saem do acúmulo das jornadas, não dá pra contar com a sorte. Aposto em uma medalha de bronze da dupla.

Vôlei – Caramba, já fomos favoritos nesse troço hein? Lembram? Poxa... Hoje não dá pra apostar em ouro nem no feminino e muito menos no masculino.

As meninas tem um pouco mais de condições de chegarem lá. Está subindo agora uma geração de jogadoras de alta qualidade, mas que em Londres ainda pode pagar pela inexperiência. No papel, coloca-se na final sem sustos.

Daí bater os EUA e levar o ouro são outros quinhentos.

Já entre os caras a coisa tá feia. O vexame da Liga Mundial mostrou o quanto esse grupo está desgastado. O retorno de Ricardinho não adiantou muita coisa até o momento.

Ele parece ainda precisar “pegar” o tempo de bola dos novos companheiros.

Resta saber se haverá tempo pra isso. Se o ouro vier, vai ser na base do talento puro e da raça.

Vamos torcer.

Vôlei de Praia – Nossa última modalidade na ordem alfabética é também a que nos dá o maior favoritismo. No feminino, surpresa será uma derrota da dupla Juliana e Larissa. E se perder, deve ser pra nossa outra dupla, Talita e Maria Elisa. Existe a chance real de termos uma final brasileira. No masculino rolou o seguinte: a dupla Ricardo e Emanuel não encontrava mais concorrência, então decidiram se separar pra um concorrer com o outro. Alison e Emanuel, Ricardo e Pedro Cunha também são favoritos pra chegarem à final. Os únicos que podem dar algum trabalho são os americanos. Mas nessa eu sou mais Brasil.

Pronto? Já sabe tudo?

Talvez não por aqui...
Então bora torcer.

Se programe pra ver sua modalidade favorita e apoiar nossos atletas.

O maior evento global de esportes, este ano sem a Globo, vai começar.

A gente tenta ver por aí.