Quem me acompanha nas redes sociais por vezes se irrita com o volume de informações que costumo publicar durante os grandes jogos de futebol.
Faço isso porque, com base na minha breve experiência acompanhando este esporte, percebo que ele está cada vez mais pasteurizado, e os grandes jogos e jogadores; aqueles que mobilizam a atenção de torcedores envolvidos e não envolvidos; têm acontecido cada vez menos.
Em 2013, até o momento, nesta categoria tivemos apenas os dois Corinthians x Boca e alguns jogos do São Paulo (os jogos contra o Corinthians, contra o Atlético-MG, a volta do Ganso à Vila Belmiro...). Só. De resto apenas joguinhos meia boca que se muitas vezes não atraiam nem o próprio torcedor, que dirá os outros.
Em 2013, até o momento, nesta categoria tivemos apenas os dois Corinthians x Boca e alguns jogos do São Paulo (os jogos contra o Corinthians, contra o Atlético-MG, a volta do Ganso à Vila Belmiro...). Só. De resto apenas joguinhos meia boca que se muitas vezes não atraiam nem o próprio torcedor, que dirá os outros.
O futebol brasileiro está pobre de coisas que mobilizam o espectador, que chamam atenção, que provocam comentários pro bem ou pro mal.
Em outros tempos, semanalmente tínhamos jogos assim. Foram se acabando. E com a saída de quase todo mundo da Libertadores, esse ano poderemos não ter mais.
Em outros tempos, tínhamos dezenas de jogadores assim. Foram se acabando. E com a saída de Neymar para o Barcelona, esse ano provavelmente não teremos mais.
Enchemos a boca pra dizer que precisamos da volta do tradicional futebol brasileiro. E elogiamos o treinador gaúcho que “consegue os resultados”. Nos envaidecemos do fato de sermos um povo alegre, “que torce de verdade”, diferentemente dos “europeus sisudos”. E parabenizamos o jogador que não comemora um gol no ex-clube. Nos vangloriamos de ter vários clubes considerados grandes no País. E implantamos o segregador sistema de pontos corridos no Brasileirão.
Enfim, não dá pra saber ao certo o que é que esse povo quer no fim das contas.
Neymar seguiu o ciclo natural de tudo de bom que aparece por aqui e sofreu com a galera que gosta de mostrar “visão diferenciada”, quase a evolução Pokémon do antigo “do contra”.
Quando o garoto surgiu, o interessante era elogiá-lo em larga escala, para se mostrar grande poderio observador.
“Conheço futebol e posso dizer: Esse garoto é fera!”
Quando passou vencer e mostrar capacidade inquestionável, elogiar se tornou banal. O brasileirinho diferenciado precisava mostrar seu talento observador mudando o discurso.
“Que moicano nada. Bom mesmo é o Ganso!”
Com o passar do tempo (e com a “ajuda” de Ganso) este argumento se mostrou falido.
Então deu-se início aos ataques randômicos.
Então deu-se início aos ataques randômicos.
“Danem-se os gols e os títulos. O cara não pode ter esse cabelo. Não pode dançar. Não pode aparecer na Globo. Isso é inadmissível pra um jogador!”
Quando para comentar sobre algo que acontece dentro das quatro linhas não se podia criticar a qualidade do chute, do drible, da velocidade, do passe, da técnica ou do comprometimento com o time.
O foco então passou todo para suas “quedas”.
O foco então passou todo para suas “quedas”.
Falou-se do garoto como se fosse o pior dos jogadores.
"Esse cai-cai, firuleiro do c&#$*$&@..."
Mas na hora de compará-lo, sempre pegavam o Messi. Vai entender.
"Esse cai-cai, firuleiro do c&#$*$&@..."
Mas na hora de compará-lo, sempre pegavam o Messi. Vai entender.
Numa dessas, agora com ele na Europa, a moda volte a ser elogiar (ou criticar pra endossar as criticas anteriores e não passar recibo).
Particularmente, confesso grande alívio com o desfecho desta história.
Sei que Neymar, mesmo à distância, vai continuar não desfrutando da paciência tibetana que se tem com o Lucas, por exemplo.
Se assim como o ex-são paulino, Neymar passar seu primeiro semestre inteiro no exterior sem nenhuma partida de destaque e nem um mísero golzinho, será considerado o maior fracasso do futebol brasileiro em todos os tempos.
Mas pelo menos com ele lá, acaba a necessidade de responder (ou até mesmo ouvir) os tontos daqui diariamente.
Pode-se fazer o esforço que quiser. Mas não dá pra negar que Neymar é disparado o que de melhor surgiu no futebol deste País nesta segunda década dos anos 2000.
Caindo no chão, com cabelinho, com dancinha e tudo mais é melhor do que todos os jogadores do seu time. E você sabe disso (talvez daí a raiva, vai saber).
Pode-se fazer o esforço que quiser. Mas não dá pra negar que Neymar é disparado o que de melhor surgiu no futebol deste País nesta segunda década dos anos 2000.
Caindo no chão, com cabelinho, com dancinha e tudo mais é melhor do que todos os jogadores do seu time. E você sabe disso (talvez daí a raiva, vai saber).
O importante é que se para alguns Neymar era um "problema do futebol no Brasil", este está solucionado.
Anselmo Ramon, Gum e toda habilidade típica do futebol brasileiro. Haja coração amigo!!! |
Mas pra quem gosta do “futebol sério”, “sem frescuras” e “sem dancinhas”, a notícia é boa.