sexta-feira, 22 de março de 2013

Ri, mas não desacredita não

Se eu te pedir pra listar os cinco técnicos brasileiros que mais têm sido alvos de chacotas nos últimos anos, fatalmente sua lista terá o nome de Alexi Stival. Tá, talvez não ESSE nome exatamente, mas seu apelido, Cuca.

Ele frequentemente realiza grandes trabalhos. Grandes mesmo. Monta times que Muricys e Felipões não conseguem com o triplo de orçamento.

Contudo perdeu muitas decisões, sofre preconceitos por causa de uma superstição ou outra, e convive com o estigma de “derrotado”.

E isso tudo por quê? Porque o cara se expõe.

E hoje é o ÚNICO que ainda insiste no que acredita, quando a rotina do grupo dos treinadores medianos é seguir as “tendências vindas da Europa”.

Pode falar o que for do Cuca, mas ele sempre deu a cara, arriscou, deixou a covardia de lado e encarou o vinha pela frente.

Perdeu muitas batalhas grandes. Venceu outras que não resultaram em taça (como o Goiás salvo em 2003 e o Flu em 2009).

Em 2006, ressuscitou um Botafogo esquecido pelo mundo. Fez do quarteto Lúcio Flávio-Zé Roberto-Jorge Henrique-Dodô sinônimo de futebol bem jogado no Brasil.

Perdeu. Muitas vezes. Saiu em 2008.

Em 2009, no seu mais famoso feito, salvou o “desenganado” Fluminense. Conca, Alan, Fred. Mais uma vez apostou no “tentar ganhar” ao invés de “evitar perder”.

Em 2010, por ter ido mal no Carioca, foi demitido.

Foi pro Cruzeiro.

Criou lá um sistema ofensivo com Roger, Montillo, Wallyson e Thiago Ribeiro. Estes levariam a Raposa ao vice-campeonato brasileiro de 2010.

Na Libertadores 2011, um show. Melhor líder da fase de grupos, invicto, 20 gols marcados, um sofrido. Na ida das oitavas, atacou o Once Caldas em Manizales.

Não se defendeu em casa e perdeu. Demitido.

Ficou em BH mas foi pro Atlético-MG. Salvou mais um rebaixamento e venceu Mineiro-2012. No Brasileirão, seu “novo” esquema ofensivo virou sensação no País.

Ronaldinho, Bernard, Guilherme, Jô. Até mesmo a dupla de zaga (Réver e Leonardo Silva) tinha ordem de ir lá na frente marcar gols.

Perdeu o Brasileirão pro Fluminense, equipe muito mais cética e certeira.

Mais um ano chegou e a sensação continua. Mais uma vez um time de Cuca dá show numa fase de grupos na Libertadores.

Garantiu a liderança com duas rodadas de antecedência, está invicta e venceu em La Paz (pra aqueles que dizem que é impossível).

Não sei se o Atlético-MG vai ser a equipe que vai enfim consagrar a filosofia de trabalho de Cuca.

Não sei se a Libertadores virá pros caras (mesmo achando que hoje são os que mais merecem).

Não sei se, no caso de novo fracasso, Cuca novamente será demitido.

O que eu sei é que devemos respeitar mais esse cara.

Ele faz o que todo torcedor, nos picos de hipocrisia, pedem. Até a hora que perde.

Aí era melhor ter “apostado no básico”, “uma defesinha arrumada”, “ganhar de 1x0” e beleza.

Invejamos a Espanha, mas vivemos num País onde vencer jogos como o Muricy vence é considerado “certo”. E perder como o Cuca perde é o “imperdoável”.

Chega uma hora que o cidadão tem que decidir. A hora da bifurcação.

Eu vou escolher ficar do lado de quem ainda tenta explorar a fraqueza do adversário, e não simplesmente diminuir a sua.

Outros seguirão fazendo piada com as derrotas de quem ataca e endeusando os “comandantes gaúchos coperos”.

Tomara que o Atlético consiga. E se não for ele, tomara que outro time que siga essa linha consiga.

Isso, que só os times de Cuca (e o Santos-Dorival-2010) têm me mostrado é o que, pelo menos na minha cabeça, mais se aproxima de futebol de verdade.

E de futebol de verdade amigos, eu não desacredito nunca.