Sou muito a favor da manutenção de tradições no futebol. Sempre que sobram numa briga contra o rebaixamento, por exemplo, um grande e um pequeno, torço pro grande se salvar.
Pra mim o Brasileirão fica perfeito se os vinte forem Flamengo, Corinthians, Vasco, São Paulo, Fluminense, Santos, Botafogo, Palmeiras, Atlético-MG, Internacional, Cruzeiro, Grêmio, Atlético-PR, Bahia, Coritiba, Vitória, Sport, Santa Cruz, Goiás e mais uma equipe x pra apanhar de todo mundo. Catarinense, Cearense, Paraná Clube, Náutico, América-MG, tanto faz, mas não mais que um de cada vez.
Sei que é utópico e o rebaixamento de quatro impossibilita o sonho, mas, possível fosse, sempre teríamos, pelo menos, uns cinco jogos clássicos das principais forças do futebol brasileiro por rodada.
E eu continuava nesse sonho até que, em meio a estes delírios, nasce um fenômeno no qual custei a acreditar. O de que até mesmo uma grande força pode se apequenar. E ainda por cima dar espaço pra que outra ocupe seu lugar.
Em São Paulo, já não é de hoje, estamos observando o caso do Palmeiras. Desde Ademir da Guia, apenas a Parmalat o fez grande de fato.
Virou o milênio e a instituição foi definhando. Definhando.
Hoje vemos surgir uma geração; molecada de 17, 18 anos; que cresceu sob a ideia de não respeitar o Palmeiras. Com a nítida impressão de que aquele time é motivo de piada desde sempre.
O Palmeiras foi rebaixado duas vezes. Tem um histórico de direções medíocres e de interesses obscuros que levaram o time pro buraco. Em 2003, levou sete do Vitória. Em 2011, tomou seis do Coritiba.
Ontem à noite, novamente levou seis, só que dessa vez foi do Mirassol.
E cada vez mais a nova geração firma a ideia de que o Palmeiras é muito menor que Corinthians, São Paulo e Santos.
Na verdade não é, mas está. E isso já faz mais de uma década.
Durante este período, se formos lembrar de um Palmeiras que jogou bem e venceu, teremos apenas aquele grupo campeão paulista de 2008 em cima da Ponte Preta pra lembrar.
E taí a nossa segunda personagem de hoje, a Ponte Preta.
Desde o vice, a equipe só realizou boas campanhas.
Em 2009, pegou uma das vagas da Taça do Interior e ficou com o título após final contra o Grêmio Barueri. Em 2010, novamente disputou o troféu interiorano e saiu para o Botafogo-SP pelo critério dos resultados iguais. Em 2011, já com a nova regra, passou entre os oito, saiu para o Santos (que seria o campeão daquela edição), voltou para a Taça do Interior e ficou com o vice.
Na última edição do Paulistão, passou novamente entre os oito e eliminou o Corinthians, que viria a ser Campeão do Mundo naquele mesmo ano. Enfrentou seu grande rival Guarani na semi e perdeu. Como chegou nesta fase, não pôde disputar a Taça do Interior pelo quarto ano seguido.
Chegamos em 2013 e novamente está aí a Ponte Preta. Desta vez com moral de time de Série A do Brasileirão.
Se foram quinze rodadas e o time É O ÚNICO INVICTO. Considerado por alguns como favorito ao título e tudo mais. Enfim, respeitado, por todos. Como se fosse time grande.
Por linhas tortas, tenho que admitir que o Estado de São Paulo ficou com suas atuais quatro principais forças na elite do Brasileiro.
A Ponte tem trabalhado muito, sem alardes, e os resultados são cada vez melhores para nossa nova quarta força. Hoje, jogar contra Corinthians, São Paulo e Santos já não é mais “certeza de derrota”.
E o Palmeiras seguirá sendo o Palmeiras. Sua tradição ninguém apaga e sua camisa será pra sempre das mais importantes. Fora de campo. Nos livros, nos vídeos. Na história.
Em campo, o que se vê é um time que segue rumo ao ostracismo total.
Perdendo campeonatos, jogos, admiração e seu bem mais precioso, torcedores.
Acho que no fim das contas essa é a pior parte.
O Palmeiras, nossa nova quinta força, deixa o palmeirense sem força alguma pra seguir acreditando.