quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Vai começar a brincadeira

Olha ela aí de novo. A destruidora de sonhos, criadora de heróis e fábrica de histórias do futebol na América Latina.

A Taça Libertadores da América 2013 vai começar. Na verdade até já começou. Mas hoje é a estreia dos brasileiros na fase de grupos.

O Fluminense já está na Venezuela pra enfrentar o Caracas, e em Belo Horizonte promessa de jogaço com Atlético-MG e São Paulo.

Amanhã o Palmeiras recebe os peruanos do Sporting Cristal e o Grêmio joga em casa contra o chileno Huachipato. Corinthians só na semana que vem.

O Brasil venceu cinco das últimas oito Libertadores (sendo vice nas outras três), e a chance de manter a hegemonia é grande.

Ainda assim vale a análise sobre nossas chances e os principais adversários neste ano.

Aproveitando o clássico de logo mais, vamos falar um pouco do Galo e do Tricolor. Começando pelos donos da casa.

O Atlético-MG (grupo 3) vem com uma base muito forte esse ano. Destaca-se o número (exagerado) de reforços pro setor ofensivo. A equipe também é dona de um “quadrado defensivo” invejável com Réver e Leonardo Silva na dupla de zaga e Pierre agora acompanhado de Gilberto Silva, logo à frente, na dupla de volantes.

Ronaldinho e Bernard seguem na (ótima) condução de bola para o “novo” atacante Diego Tardelli.

Com Victor no gol e Marcos Rocha na lateral, temos aí um time de altíssima qualidade. Se tudo correr bem, deve ser líder de seu grupo e chegar pelo menos na semifinal.

Já o São Paulo (grupo 3) tem um time também muito bom, mas que ainda está se “achando” em campo. A venda do Lucas deixou um buraco no lado direito do time. Buraco este que Ney Franco tentou cobrir com Aloísio e Ganso. Não funcionou, e agora e a vez de tentar o Douglas por ali. Vamos ver no que vai dar.

Outro ponto que merece atenção é essa nova configuração do miolo de zaga. Particularmente sou contra Rodholfo e Lúcio jogando juntos. Acho que faz muita falta a um time um quarto zagueiro de ofício (no caso do São Paulo, a opção é o Tolói). Com dois beques centrais, por vezes o São Paulo leva sufoco em contra-ataques e bolas aéreas.

Se realmente o time não se acertar de jeito nenhum, pode acontecer uma tragédia (eliminação no grupo). O Arsenal em Sarandí é perigoso e o The Strongest em La Paz é igual a qualquer boliviano em La Paz. Mas não acredito que o São Paulo não alcance ao menos as quartas de final. Daí pra frente, dependendo do chaveamento, já acho mais difícil.

O outro brasileiro que joga hoje é o Fluminense (grupo 8). De quem se espera muito, inclusive. Time pronto, campeão brasileiro com sobras, melhor goleiro do Brasil, melhor centroavante do Brasil, manteve toda a base, quatro boas opções pra dupla de volantes (Jean, Edinho, Valencia e Diguinho) e quatro boas opções pra dupla de armadores (Deco, Thiago Neves, Wagner e Felipe). Além de um ótimo Abel Braga no comando desses caras.

Pegou um grupo relativamente tranquilo, tendo no Grêmio (grupo 8) seu único grande adversário dessa fase. É um dos favoritos ao título, se não jogar com a habitual preguiça de quem acha que “ganha o jogo quando quer”. No Brasileiro, pontos corridos, funciona. Na Libertadores, mata-mata com os melhores do continente, não. Aposto na mudança de atitude do Flu e numa final esse ano.

Companheiro de grupo do Fluminense, o Grêmio estreia amanhã e não deve ter problemas pra pegar a segunda vaga do grupo. O time, que não era tão bom ano passado, se reforçou bem pra esse ano e vai forte pra briga. Dida, Cris, André Santos, Vargas e Barcos se juntam a Elano,  Zé Roberto e Vanderlei Luxemburgo pra colocar o Tricolor entre os principais times da competição. Uma semifinal não seria surpresa.

Outra estreia de amanhã é a do Palmeiras (grupo 2). O Verdão é o brasileiro menos credenciado pra chegar longe na competição, ainda mais depois de perder os únicos dois destaques da campanha desastrosa no Brasileirão 2012 (Barcos e Marcos Assunção). Mas em compensação pegou o grupo mais tranquilo. Provavelmente disputará a liderança com o Libertad e só, mesmo com o atual time.

Concluídas as transferências dos jogadores que o Grêmio vai mandar, pode até virar um time competitivo que, chegando na fase de mata-mata, vai como franco atirador, supostamente não tendo nada a perder. Não dá pra prever até onde esse time pode ir, mas vai ser no mínimo interessante.

Por fim, mas não menos importante, o brasileiro que ainda não joga essa semana, o Corinthians (grupo 5), que nesse ano, pela primeira vez em sua história, defende o título da Libertadores.

O time campeão ainda está aí. Saíram Castan e Alex, mas isso não muda em quase nada o contexto (ainda mais com Gil e Douglas, jogadores praticamente do mesmo nível dos anteriores).

A escalação que venceu o Mundial deve seguir na Liberta, com Alexandre Pato (!) no banco (!!!)  pelo menos nesse começo de ano.

Pegou um grupo enjoado pra cacete. E não é por causa da qualidade dos adversários não, mas sim pelas condições geográficas. O "melhorzinho" do grupo é o Millionarios, de Bogotá, sete horas de voo direto e 2.600 metros de altitude. Não é gritante, mas atrapalha quando se enfrenta uma equipe minimamente técnica.

Depois tem o Tijuana, cidade litorânea, o que consiste em nível do mar. Maravilha, certo? Seria, se Tijuana não fosse o "Chuí Mexicano". É o extremo-extremo-extremo norte do País, 10.000 km de distância de São Paulo e mais de 18 horas de voo (se não tiver escalas).

Na semana que vem a estreia é fora de casa contra o San José. Menos de quatro horinhas de voo direto. Beleza né? É, se o jogo não fosse em Oruro, cidade mais alta que La Paz, a minúsculos 3.800 metros de altitude.

Ainda assim, num primeiro momento, não dá pra imaginar uma campanha ruim do Timão. Vai bater em todos estes em São Paulo, e só muito azar nos chaveamentos pode evitar que chegue ao menos numa semifinal. Salvo algumas ressalvas no miolo de zaga, tem plenas condições de buscar o bi.

Nossos principais adversários esse ano novamente são Boca (grupo 1) e Vélez (grupo 4). Os xeneizes do Boca mudaram pouco a base vice-campeã da Libertadores 2012 e, mesmo envelhecidos, representam perigo. O Vélez  foi o campeão do Apertura e apresenta a base que chegou às quartas de 2012 (sendo eliminado apenas nos pênaltis contra o Santos) ainda mais entrosada pra 2013.

O Libertad, campeão do Clausura paraguaio e que está no grupo do Palmeiras, também é outro que costuma atrapalhar a vida dos brasileiros.

Os outros adversários que podem representar problemas para as equipes tupiniquins estão no interessante grupo 7 com Olimpia, Newell’s Old Boys e Univesidad do Chile. O grupo 6 com Garcilaso, Santa Fé e Tolima é o mais fraco de toda a competição e o Cerro Porteño não deve ter problemas pra liderá-lo.

Bom, acho que falamos de tudo né?

Agora é só sentar e assistir.

A corrida já começou pra ver quem será o novo dono das Américas.

E que vai disputar o mundo em dezembro, no Marrocos.

Mas aí já é outra história.