quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Hora de continuar pensando em dezembro

Por Pedro Nuin

Antes de 4 de julho se transformar no dia da Independência Corintiana, eu e uma imensa fatia da república dos loucos (que incluía o presidente) desdenhávamos da tal da Libertadores. Era um campeonato besta, que só tinha valor porque o Corinthians ainda não havia vencido. Se o Corinthians tivesse uma Libertadores e nenhum Rio-São Paulo, o que ia valer era o Rio-São Paulo. Para nós corintianos é assim que as coisas funcionam. Mas não é que os rivais (ou antis) tinham razão?

É muito bom ganhar uma Libertadores. Não pelo significado da competição em si (porque pra mim ela continua sendo um Brasil x Argentina com altitude no meio). Mas pela paz de espírito que ela te traz. Quando é que na história do Corinthians perder dois clássicos seguidos não instalaria uma crise enorme com queda de treinador? Ah... tem coisas que só essa Libertadores é capaz de fazer.

Mas vamos ao jogo de domingo, quando perdemos do São Paulo (não é assim que eu costumo chamar entre amigos, mas falarei assim em respeito ao grande Wesley, o são-paulino com o espírito mais corintiano que eu conheço).

Para nós era mais um dia de festa. E assim tem sido em todo jogo do Corinthians. Marchamos para o Pacaembu pra admirar o time e curtir o estádio cheio, como sempre. O São Paulo do outro lado era um detalhe. Um time que se apresentava ali simplesmente para ser abatido. E foi assim que se desenrolou a história por 20 minutos. Só Corinthians em cima. Aquele massacre que todo mundo viu: 1 a 0, pressão nas saídas de bola, toques rápidos, uma finalização por minuto e o “vai pra cima delas” ecoando forte.

As chances vinham aos montes e o desdém do malandro carioca Emerson Sheik vinha junto. Perder aquela chance com o goleiro dos caras já começando a se ajoelhar? Sheik... para a bola, escolhe um canto e põe! Na hora deu pra ver que aquela chance ia fazer falta. E fez! Uma hora os caras iam se encontrar em campo. E se encontraram! Sei lá que mané de lateral eles trocaram com zagueiro. Só sei que a pressão acabou. Pô, falando em lateral... aquela avenida do Paulistão não joga mais lá no Morumbi? João Felipe fez falta. Saudades dele.

Fato foi que o Corinthians precisou de 200 chutes pra entrar um. Os caras precisaram de um só. Gol do ídolo dos caras. E lá fomos pro intervalo com um gosto amargo. Tanto o São Paulo se reencontrou que de novo o cara marcou. E que belo gol, hein... A partir daí foi no vamos que vamos, no aqui é Corinthians, e nas apostas de que o histórico de freguesia não ia permitir uma derrota no Pacaembu.

Mas se o tabu tinha que ser quebrado, foi em uma boa hora. Foi a derrota menos dolorida que eu já vi para o São Paulo. Tive mais a sensação de estranhamento do que de raiva: “É assim que era perder pro São Paulo? Esquisito!”. Mais uma vez, obrigado Libertadores!

É isso aí tricolor, ganha quando não vale mesmo... a cara de vocês. Nossa cabeça está bem longe. Vamos em busca do segundo título mundial (aquele que envolve o mundo todo mesmo, saca? Com participantes de Ásia, África, América do Norte e Oceania).

Só vou dar uma sugestão. Torce bastante pra gente não ganhar em dezembro. Senão, qual significado terá aquele bandeirão do “para conquistar o mundo é preciso atravessá-lo”? Vão ter que virar do avesso e escrever alguma mensagem nova, do tipo: “tenho todos os dentes na boca e conheço meu pai”. Serão os argumentos que lhes restarão, hahahaha.

Vai Corinthians!

*Pedro Nuin está ocupado cotando pacotes aéreos para o Japão