Foi-se embora o primeiro “terço” da temporada 2012 da Fórmula 1.
E já podemos apontar esta como a mais equilibrada da história da F1 moderna.
Você já sabe, tivemos sete corridas e sete vencedores diferentes.
O que por si só não determina o equilíbrio, tendo em vista que alguns vencedores se valeram do acaso para chegar a tanto.
Mas observar as condições dos pilotos e dos carros atualmente é determinante para se acreditar na emoção da briga pelo título até o fim do ano.
E falar um pouco das duas grandes decepções da temporada (que inclusive correram juntos em 2006) é importante pra não enferrujar nosso lado corneteiro.
Luzes vermelhas apagadas.
Vamo que vamo.
Bom, é importante lembrar que este ano não temos nenhuma “Brawn”. A McLaren que foi mediana em 2011 evoluiu, a ex-dominante RBR regrediu. Alonso e Rosberg conseguem fazer Ferrari e Mercedes andar decentemente. E a Lotus enfim coloca na pista um carro de verdade, contando ainda com toda a experiência de Raikkonen.
Até a Sauber tem feito boas corridas, vejam só vocês.
Lewis Hamilton começou o ano fazendo boas corridas, mas sem muita sorte nos resultados finais. Em Montreal, contrariou o óbvio e venceu uma corrida desfavorável. Seu companheiro, Jenson Button, começou a temporada com uma vitória aleatória em Melbourne. Desde então, sua famosa regularidade de 2011 não deu as caras. O oitavo lugar na classificação expõe a condição atual do britânico. Sendo assim, Lewis deve receber toda a dedicação da equipe em busca do título. E suas chances são muito boas inclusive.
Na atual campeã RBR o momento é de trabalho duro. Dessa vez não vai ser a molezinha de outros tempos. Vettel e Webber continuam andando muito bem. Mas dessa vez estão cercados de gente boa e aí o parâmetro muda. Na teoria estão em vantagem. Ter dois pilotos entre os quatro primeiros faz muita diferença pra eliminar um adversário da briga no futuro. Se Vettel conseguir vencer mais algumas corridas, fatalmente Webber o fará tricampeão. O carro, que já é muito bom, tem condições de levar a equipe ao tri se evoluir mais um pouquinho.
Na Lotus o momento é de euforia pelas quatro presenças em pódios em sete corridas. A equipe já ultrapassou 100 pontos com um terço de temporada. Raikkonen e Grosjean formam uma boa dupla, pontuarão bem até o fim do ano e ambos terminarão entre os oito melhores. A briga é pelo pódio do campeonato de construtores. Tem totais condições de bater Alonso a Ferrari pelo 3º lugar. O sonho é o segundo lugar da McLaren, mas aí é bem difícil. A RBR é invencível nesta briga.
Na Ferrari, as pessoas tem sentimentos divididos. A performance de Fernando Alonso com um carro abaixo da crítica é digna de aplausos. A campanha do espanhol só reforça a condição de gênio do mesmo. Hoje está em segundo lugar, mas dificilmente brigará pelo título. Já o brasileiro Felipe Massa faz uma campanha que assusta de tão ruim. Não terminou entre os cinco primeiros nenhuma corrida até agora. Na classificação geral está atrás das duas Williams e de uma Force India. Sério, é caso de demissão. Sim, o carro não é o melhor possível, a Ferrari está cheia de falhas. Mas ter a metade dos pontos do Kamui Kobayashi, que anda de Sauber, não tem desculpa.
Na Mercedes fomos surpreendidos novamente. A dupla é Michael Schumacher e Nico Rosberg. Um está entre os cinco melhores na classificação, mesmo andando de Mercedes. O outro é o pior piloto entre os que já pontuaram, com míseros dois pontos. Se pensou no heptacampeão na primeira condição se enganou. Assim como toda a direção da Mercedes. Nico Rosberg faz ótima campanha até o momento. Começou com duas corridas fracas e desde então não terminou nenhuma abaixo do sétimo lugar. Já Schumacher só terminou duas das sete provas acima do 19º lugar. Desempenho digno da finada Minardi. Rosberg sozinho não tem força pra colocar a equipe na briga por melhores posições entre os construtores. Mas já vai dar pra garantir a dignidade.
Outra surpresa da temporada é a Sauber, principalmente com o mexicano Sergio Perez. A equipe suíça pontuou em cinco corridas, sendo que nas duas em que não pontuou, teve Perez a uma posição dos pontos. O rapaz inclusive parece ser mesmo bom, a Ferrari já cresceu o olho (com toda razão, aliás, tendo em vista o segundo piloto atual da scuderia) e tudo mais. Os objetivos são humildes, colocar os dois pilotos entre os dez do mundo e a equipe em quinto ou sexto entre os construtores. Deve conseguir.
Na Willians, destaque para o venezuelano Pastor Maldonado, vencedor do Grande Prêmio de Barcelona. Mas só por isso também. Nas outras provas não arrumou nada e dificilmente arrumará daqui pra frente. O brasileiro Bruno Senna, por sua vez, nem mesmo uma corrida de destaque conseguiu (um sexto e um sétimo lugar não são bem o que chamo de “corridas de destaque”, a não ser que você corra em um carro sem perspectiva de pontos, o que não é o caso), e deverá seguir assim em mais uma “temporada de adaptação”.
Pra fechar entre as equipes pontuadoras preciso falar da Force India, deste competente piloto escocês de 26 anos chamado Paul Di Resta. O cara conduz uma carroça e briga por pontos em todas as corridas. Sem exceção. Trabalhando calado e sem glamour algum, está na frente de muita estrela na classificação. A equipe vai ficar em oitavo este ano, e se houver justiça no mundo, Di Resta vai conduzir um carro com chances de vitória em 2013.
Pra fechar vem a rapa. A Toro Rosso, divisão de base da RBR, é a menos pior, e até pontuou. Nas duas primeiras corridas conseguiu seis pontos e os levará para o caixão. A Caterham ainda espera o retorno pelo considerável investimento nos pilotos Heikki Kovalainen e Vitaly Petrov. O custo benefício não tá muito legal por enquanto. A Marussia não dá resultados, mas também não os espera. Timo Glock talvez pontue em alguma corrida e isso já será o suficiente. Por fim, temos a semi-amadora HRT, ou Hispania, como preferir. A equipe tem uma corrida a menos que o resto. Isso porque seus dois pilotos não conseguiram marcar o tempo mínimo de volta de treino, exigido pela FIA, para participação na corrida de abertura, em Melbourne, na Austrália. Este fato já fala mais alto que qualquer comentário.
E por enquanto é isso.
O campeonato está muito bom e a diferença entre os três primeiros é apenas de três pontos.
A próxima corrida é dia 24 em Valência, na Espanha, pelo Grande Prêmio da Europa.
Dificilmente teremos o oitavo vencedor diferente.
Mas numa dessas, vai saber.
Não podemos perder a chance de presenciar a história sendo escrita.