Levou dez anos. Mas parece (e eu disse PARECE) que
nesse ano teremos um Campeonato Brasileiro mais próximo do que muitos sempre
alegaram ser nossa vantagem perante aos europeus.
“Na Europa o campeonato fica sempre entre dois, no
máximo três. Aqui todo ano tem 12 candidatos”, afirmam os entusiastas
tupiniquins.
O fato é que isso nunca se concretizou. Desde que se
implantaram os pontos corridos por aqui, a disputa pela taça sempre ficou entre
um paulista contra um carioca/gaúcho. A única exceção foi 2003 quando tivemos
um paulista contra um mineiro.
Esse ano tá diferente. Não sabe-se bem se pelo
crescimento dos cariocas, pelo declínio dos paulistas ou pelo momento iluminado
dos mineiros.
Mas que tá diferente, isso tá.
Tente imaginar hoje a equipe capaz de abrir vantagem na liderança do Brasileirão.
O Botafogo e o Cruzeiro podem ser os favoritos do
momento. Mas não venceram em casa Goiás e Santos. O que prova que não são tão
confiáveis assim.
O Corinthians é o melhor time no papel. Mas também não
mostrou ainda bola o suficiente pra chegar.
O Internacional é outro time forte, consolidado. Mas
que ainda falha demais contra os concorrentes do topo.
O Coritiba tem um dos diferenciais do campeonato. Mas
acaba de perder pro Vasco em casa, com diferencial e tudo.
O Grêmio, que havia perdido em casa pro Coxa, goleou o
Bahia fora, nos deixando sem saber o que pensar.
Os baianos Vitória e Bahia estão desde o
início incomodando no “top ten” da classificação.
Não podemos esquecer também do momento surpreendente
do Atlético-PR, que já sofre uma derrota faz tempo.
O Vasco de Dorival também está no seu melhor momento
dos últimos meses. A vitória no Couto Pereira mostrou um time que merece
consideração.
Assim como o
Flamengo que Mano Menezes está realmente fazendo virar um time de futebol. Não
fosse os gols que tomou no último minuto de Juan do Inter e do goleiro Lauro da
Lusa, estaria a um ponto do G4.
Não é prudente também ignorar a chance de Fluminense e
Atlético-MG lá em cima pelo time que possuem e pelo nível “pouco assustador”
dos que lá estão no momento.
Isso sem falar no Santos, que após ser esquartejado
pelo Barcelona há poucos dias, voltou pro Brasil e saiu invicto dos confrontos
contra o atual campeão do mundo e o líder do campeonato.
Prestou atenção? Falei o nome de 14 times e não é
possível garantir que nenhum deles não vá frequentar o G4 em algum momento.
Nivelado por baixo, carente de estrelas, padrão lento
de jogo.
Sim, tudo isso.
Mas equilibrado e com alguma emoção.
Os dois jogos mais emocionantes da Copa do Mundo de
2010 foram Uruguai x Gana e Estados Unidos x Argélia.
Não é a qualidade técnica que define a emoção de um
jogo.
Um campeonato de pontos corridos normalmente é
determinante para que essa emoção se dissipe em intermináveis rodadas.
O Fluminense, campeão do ano passado, foi um dos
maiores exemplos de comemoração hoemopática.
O Tricolor era quase campeão na 32ª rodada.
Praticamente campeão na 33ª. Virtual campeão na 34ª.
Quando de fato foi, na 35ª, o torcedor já tinha
comemorado um pedacinho por semana. Sobrou pouco pro glorioso dia.
Talvez, dessa vez, com times mais “próximos” tecnicamente,
a emoção seja um pouco maior.
Talvez, dessa vez, tenhamos equipes com real chance de
título em novembro.
Talvez, dessa vez, o campeonato REALMENTE vá até a
última rodada.
Talvez, dessa vez, as pessoas se toquem que é inadimissível o campeão só poder levantar a taça segunda-feira na festa da CBF.
Talvez.
Só talvez.
*O
blog não poderá deixar de fazer menção ao momento trágico que vive o
São Paulo. Ainda esta semana, Wesley Souza virá deixar suas impressões e
expectativas pro Tricolor.