Em 1985 a cidade de São Paulo realizou suas primeiras eleições municipais pós-redemocratização.
A disputa ficou polarizada principalmente entre três nomes: Eduardo Suplicy (PT), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Jânio Quadros (PTB). Este último seria eleito com mais de 37% dos votos.
Já nosso ex-presidente FHC terminou em segundo com pouco mais de 34% dos eleitores. Em sua campanha, ficou marcado o jingle “é pique, é pique, é pique / é hora, é hora, é hora / Fernando Henrique, tem que ser agora”.
Sim, dei toda essa volta na história pra chegar nesse jingle ridículo. Mas você vai entender logo mais à frente.
O São Paulo jogou ontem e perdeu para o The Strongest, na Bolívia. Se complicou muito com este resultado óbvio (a vitória do Atlético lá foi uma exceção histórica, já que em geral todo mundo perde).
E além dos pontos, perdeu Jadson (que levou o terceiro amarelo) para a grande “decisão” do dia 17, contra o Atlético-MG no Morumbi.
E, com Jadson fora, a responsabilidade de conduzir o meio-campo tricolor no jogo mais importante do ano ficará toda pra quem?
É amigos, o são-paulino pode, a partir de hoje, cantar o “jingle do FHC”, apenas trocando “Fernando” por “Paulo”.
Analisando as últimas partidas de Ganso no São Paulo, já se percebe alguma evolução. O jogador parece um pouco mais participativo, mais interessado. Tem errado muita coisa, mas agora tenta, ao menos.
No clássico contra o Corinthians, em determinados momentos, ameaçou “ditar o ritmo” do time, assim como nos bons (e breves) momentos de auge no Santos.
Na Bolívia ontem, mais uma vez se apresentou pro jogo.
Só que não podemos também elogiá-lo tanto por fazer algo que deveria estar fazendo desde o primeiro jogo com a camisa do São Paulo.
Ser participativo, interessado, se dedicar ao trabalho é obrigação meu camarada.
Num supermercado, numa multinacional ou num campo de futebol. Você é um funcionário e aquele é seu trampo.
Acontece que o São Paulo, nesse caso específico, não pagou mais de R$ 24 milhões por um operário comum. Desembolsou essa grana violenta por um diferencial, um cara que pudesse desequilibrar um jogo a seu favor.
Juvenal e sua trupe previam que, em algum momento do ano, o São Paulo poderia estar em apuros num momento muito decisivo, e aí um cara de talento e capacidade acima da média poderia ser o que separaria o “fracassado São Paulo de 2013” do “tetracampeão mundial São Paulo de 2013”.
Pois bem, esse momento (ou pelo menos o primeiro deles) já tem dia, hora e local definidos.
Dia 17 de abril de 2013, às 22h, no Estádio do Morumbi.
Luis Fabiano estará suspenso. Jadson também. Lucas, pra quem ainda não percebeu, está na França. Rogério Ceni vive um momento muito difícil. Lúcio frustrou quem esperava o “zagueiro do penta”. A defesa, como um todo, tem sido uma incerteza constante.
Até Osvaldo caiu de produção nas últimas semanas.
Pra quarta-feira (17), portanto, o São Paulo PRECISA de Paulo Henrique Ganso.
Aquele que custou uma fortuna. Aquele que “devia ter ido pra Copa da África”. Aquele que, em uma decisão, carregou nas costas um time praticamente de society (Santos, com três expulsos) contra um praticamente de campo (Santo André, um expulso). E venceu.
Esqueçam todo o papo de “será que ele vai voltar a ser aquele?”, “será que vai voltar pra Seleção?”, “será que vai pra Europa?”, blá, blá, blá.
O que interessa agora é que ele jogue contra o Atlético o que já vimos ele jogar.
O São Paulo não entrou naquela novela toda com o Santos por um cara que vez ou outra faria um gol no Ituano.
Ele foi contratado pra jogos como esse.
E por isso, Paulo Henrique, tem que ser agora.
Se não for agora, na boa, deixa quieto.