No dialeto boleiro, essa cara também pode ser chamado de "elo fraco" do time, numa alusão ao ponto onde a corrente tem mais chance de arrebentar.
Até mesmo nos jogos de quadra e society entre amigos, este ser é rapidamente identificado e não recebe mais passes do resto do time.
No futebol profissional é mais difícil "neutralizar" o cara em campo. Por isso, geralmente ele fica no banco.
No entanto, conforme bem diz um sábio ditado futebolístico, "o problema de ter um cara muito ruim no elenco, mesmo que no banco, é que um dia ele vai ter que jogar".
Esta é uma das maiores verdades da bola. E não precisamos ir longe pra provar isso. Os quatro paulistas já nos dão exemplos suficientes. Quer ver só?
Corinthians – Moacir Costa da Silva
Moacir (supostamente) é um lateral-direito que (também supostamente) se destacou no Sport campeão da Copa do Brasil de 2008 em cima do próprio Corinthians. Começou a carreira como volante e mudou de posição durante a disputa da Libertadores 2009 pelo Leão da Ilha.
Até que foi contratado pelo Corinthians para jogar no centenário do alvinegro. Depois de um longo inverno, o Timão voltava à (até pouco tempo) sonhada Taça Libertadores. Fez uma fase de grupos espetacular e passou de fase como melhor líder (status sob o qual há uma maldição da qual falaremos num futuro próximo). Mas foi para as oitavas com um problema, Alessandro se contundiu.
Era o momento de Moacir. Foi escalado pra enfrentar o Flamengo no primeiro jogo das oitavas. E fez isso aqui, uma verdadeira aula de tempo de bola. O Corinthians perdeu no Rio, levou o gol do Love em casa na volta, e foi eliminado da Libertadores em pleno centenário. Moacir voltou para o Sport, mas até hoje é lembrado com muito carinho pela torcida corintiana.
Santos – Roberto Brum Vallado
Roberto Brum é um volante revelado pelo Fluminense que jogou também no Coritiba antes de ir pra Portugal. Ficou na terrinha por quatro anos e voltou ao Brasil em 2008 para atuar pelo Santos Futebol Clube. Sua ruindade se mascarou por dois anos dentro de um grupo que era todo ruim.
Mas como você deve se lembrar, em 2010 o nível do time do Santos subiu com a consolidação da geração Neymar. E Brum destoou, virou banco da dupla Arouca e Wesley, e ficou um bom tempo sem ser utilizado. Até a final do Paulistão 2010.
O Santos havia vencido o primeiro jogo contra o Santo André por 3x2. Como foi líder da primeira fase, poderia perder por um gol de diferença e ainda assim ser campeão. No entanto, com as expulsões de Léo e Marquinhos ainda no primeiro tempo, o Santos já foi para o intervalo perdendo por 3x2 e com um jogador a menos que o time Andreense (Nunes também foi expulso pelo lado adversário).
"Com esse cara eu não jogo" |
São Paulo – Francisco de Paulo Alencar Filho
Alencar é um goleiro revelado pelo Londrina, do Paraná. Atuou em 15 clubes diferentes por todo o Brasil, 14 pequenos e um grande, o São Paulo Futebol Clube entre os anos de 1999 e 2002. No tricolor, como todo reserva do Rogério Ceni, atuou pouco, mais precisamente em cinco oportunidades. Dentre elas a que marcaria sua carreira para sempre, no dia 25 de novembro de 2001.
Era a 26ª rodada do Campeonato Brasileiro. Vasco e São Paulo se enfrentavam em São Januário quando, aos sete minutos do primeiro tempo, Rogério foi expulso após pegar com as mãos uma bola fora da área. Alencar no aquecimento.
"Sem goleiro é mais fácil fazer 1000" |
Mas o pior estava por vir. Segundo tempo começan... gol do Vasco. Saída de bola do São Paul... gol do Vasco. Tricolor no ataq... gol do Vasco. Não perca a nova novela das oit... gol do Vasco. Um massacre de 7x1 com direto a um espetáculo de saídas do gol perfeitas por parte de Alencar. Segundo muitos tricolores, o maior substituto de Rogério de todos os tempos.
Palmeiras – Alexandre Pereira de Souza
Alexandre é zagueiro (dizem), tem 37 anos e foi revelado pelo Cruzeiro. Rodou por vários times de Minas Gerais e Portugal (sempre Portugal) até chegar ao Palmeiras em 2001. A diferença de Alexandre para os outros exemplos citados até o momento é que, no caso dele, estamos falando de um elo fraco titular. E que teve um ano de 2002 glorioso.
Alexandre marcou seu nome na história palmeirense com falhas no dois maiores vexames da história do clube. Começando pelo segundo lugar, a eliminação da Copa do Brasil para o ASA de Arapiraca. Toda a defesa palmeirense foi mal tanto na derrota do primeiro jogo em Alagoas por 1x0, quanto na inútil vitória em São Paulo por 2x1. Mas Alexandre não era mais um no grupo (aliás, era menos um), e se destacou do resto justamente nos lances dos gols alagoanos como pode ver aqui.
"Aqui é Verdão!!!" |
Hoje, mais do que nunca, melhor que o Adriano |
Aquele Zé Ninguém que aparece com cara de inofensivo pode representar um grande risco ao título dos seus sonhos.
Então antes de se dar por satisfeito com a vinda daquele cara meia boca que chegou "pra ser banco", lembre que ninguém fica no banco a vida toda.
Nem dinheiro.