Fala sério, tem coisa mais bacana num jogo de futebol do que a hora do gol?
Antes tem aqueles dois segundos em que todo mundo prende a respiração enquanto o atacante chuta, e só depois a explosão. Um minuto de pura festa no embalo da comemoração que rola em campo.
E por falar em comemoração de gols, tem jogador que se supera hein? Enquanto uns fazem de um estilo de comemoração sua marca registrada, outros fazem provocações históricas que são lembradas pra sempre.
Num tempo em que as comemorações são punidas com cartão amarelo, vamos lembrar de algumas de um passado nem tão distante, quando essa “bagunça” era parte obrigatória do espetáculo.
Viola e o porquinho da discórdia
E já começamos polêmicos. Era 1993, Corinthians e Palmeiras decidiriam o Campeonato Paulista daquele ano. O Verdão, vivendo uma fila de 17 anos sem títulos representativos, era piada pronta na boca dos rivais. O Corinthians tinha no elenco o irreverente atacante Viola. Combinação perfeita pra uma comemoração histórica.
Eram 13 minutos do primeiro tempo. Dionísio Roberto Domingos marcou uma falta para o Corinthians na diagonal da área palmeirense. O sempre perigoso Neto foi pra cobrança. Levantou na segunda trave, Viola se esticou todo e tocou pro fundo do gol. Ainda no chão, saiu de quatro grunhindo feito um porco. Reza a lenda que esse foi um grande combustível pra virada palmeirense no jogo de volta.
O artilheiro multifaces
A década de noventa foi tão boa pro Palmeiras, mas tão boa, que até na área das comemorações rolou fartura. Destaque absoluto pra ele, o "diabo loiro" Paulo Nunes. O cara sempre foi um show a parte. Após os gols já virou porco, Papai Noel, Feiticeira, Mister M, Tiazinha, entre tantos outros personagens de sucesso da época (você vê no vídeo a partir do minuto 1'18''). Nunca foi craque, mas as comemorações deixaram saudades.
Fábrica de dancinhas
E se vamos falar de comemorações temos de ressaltar nossa última grande fonte de festas na hora do gol, o Santos de 2010. Os comandados de Dorival Júnior ficaram marcados pelo altíssimo número de gols feitos na temporada. Antes do meio do ano, já eram mais de 100. Venceu jogos marcando 10, 9, 8, 6, 5, 4, 3, 2 e, raras vezes, um gol.
Contudo, mesmo com a alta demanda de comemorações, criavam novas dancinhas toda semana. A alegria transbordava numa molecada que jogava por diversão.
O chilique de Dodô
No Campeonato Paulista de 1999 o São Paulo vivia um momento instável. No confronto contra o Guarani, ainda pela primeira fase, o Tricolor ia perdendo em pleno Morumbi por 2x1. Chuva de vaias sobre o time e, principalmente, sobre o artilheiro dos gols bonitos, Dodô.
Por um desses acasos que o futebol proporciona, pouco antes do final da partida, Dodô marcou o gol de empate que salvou o Tricolor, e desabafou contra a torcida que o hostilizava mandando uma banana (hahaha, Deus do Céu, quem manda uma banana pra alguém?). Na hora, todo mundo ficou muito bravo com a atitude do jogador. Mas depois de um tempo a imagem se tornou muito mais engraçada do que revoltante.
Até os são-paulinos hoje dão risada de um cara que ficou correndo pela lateral do campo mandando uma banana pra eles.
♪ E ninguém cala, esse chororôôôôôô! ♪
Como muitos de vocês sabem, 2008 foi um ano difícil para o Botafogo (aliás, não só 2008). No Campeonato Carioca por exemplo, o Glorioso ficou marcado, após a derrota na final para o Flamengo, quando boa parte do elenco foi para a entrevista coletiva reclamar da arbitragem às lágrimas. O episódio que ficou conhecido como “Chororô” virou até música pra torcida rubro-negra e não foi perdoado pelo atacante Souza, à época no Fla.
Três dias depois da final do Carioca, o Flamengo enfrentou o Cienciano-PER pela Libertadores. Souza fez um gol, e comemorou homenageando o time da estrela solitária.
♪ Crééééééééu, crééééééééééu ♪
E o pessoal no Rio de Janeiro é realmente muito “musical”. Ainda no Campeonato Carioca de 2008 outra comemoração marcou muito, dessa vez para a torcida do Fluminense. O Tricolor Carioca goleou o Flamengo no Maracanã por 4x1 com show particular de Thiago Neves, autor de três gols. Depois do segundo gol, caiu no embalo de um dos grandes sucessos da época, dando aquele singelo “Créu” na torcida flamenguista.
Thiago fez da comemoração uma febre do Carioca. Até jogador do Olaria fazia gol e mandava o créu pro adversário. Só ficou complicado pro rapaz ir pro Flamengo depois.
O Trem Bala da Colina
Em 2011, a campanha invicta do Flamengo campeão da Taça Guanabara, da Taça Rio e, consequentemente, campeão Carioca, além da invencibilidade que durou quase todo o primeiro turno do Brasileirão, inspirou uma nova alcunha ao time. Aquele time se tornou o “Bonde do Mengão Sem Freio”.
No entanto, na virada de turno do Brasileiro o Bonde freou. Pior, foi ladeira abaixo numa crise sem fim. O Vasco, seu maior rival, campeão da Copa do Brasil e postulante ao título Brasileiro, se tornou então o time mais forte do Rio de Janeiro. Como resposta ao Bonde, nasceu o “Trem Bala da Colina”, versão bem mais duradoura (devido a boa fase vascaína que só está acabando agora) e de coreografia bem mais legal que a flamenguista, como você pode ver no segundo gol do vídeo abaixo.
Nas garras do Pantera
Não dá pra falar em comemorações de gol caricatas sem lembrarmos das performances de Osmar Donizete Cândido, o Donizete Pantera. O atacante, que se destacou ao lado de Túlio no Botafogo campeão brasileiro em 1995, ficou marcado pelas suas comemorações, onde saia rugindo feito uma pantera pra torcida. Foi moda, mas vendo hoje, dá uma pontinha de vergonha alheia. No vídeo, você pode ver que o estilo já está sendo passado também pro filho do Pantera.
Maria, Maria
Na primeira fase do Campeonato Mineiro de 2011 Cruzeiro e Atlético-MG se enfrentaram em Sete Lagoas. Foi um puta jogo, 4x3, com viradas, lances de efeito, e uma comemoração que só os cruzeirenses não acharam engraçada (talvez até eles, mas sei que não vão assumir).
Apelidos de cunho sexual são usuais entre torcedores de futebol (os Bambis tão aí e não me deixam mentir). Em Minas os trocadilhos são com os nomes das principais torcidas organizadas Galoucura (chamada pelos cruzeirenses de Gayloucura) e a Máfia Azul (lembrada como Maria Azul). Como o Galo venceu, quem teria de aguentar as gozações seriam as “Marias”, que só não esperavam que a pior (ou melhor) piada viria de dentro do campo.
Diego Tardelli, aos 27 minutos do primeiro tempo marcou o segundo gol do Atlético, vibrou com a torcida e simulou estar passando maquiagem no rosto, numa clara referência as Marias e ao trecho de seu hino que diz “eu vivo cheio de vaidade”.
Desculpem cruzeirenses, mas foi genial.
Na ginga da capoeira
Voltando aos jogadores com comemorações características, no final da década de 90 o Cruzeiro contratou, junto a Portuguesa, um atacante baiano de 24 anos, revelado pelo Vitória, chamado Alex Alves. O jogador viveu sua melhor fase no clube mineiro e, em 41 jogos, marcou 27 gols. O sucesso foi tamanho que já na temporada seguinte foi vendido para o Hertha Berlim-ALE por U$$ 7 milhões (lembrando que na época era um valor bem alto).
Alex é facilmente lembrado pelas comemorações de seus gols. O artilheiro marcava o gol, corria pra um canto do campo, e realizava gingas de capoeira cheias de giros e voos.
Saci Colorado
Que o Saci é o mascote oficial do Internacional há muito tempo você já sabe. Para identificar o Inter como o clube mais “povão” do Rio Grande do Sul, jornais esportivos da década de 50 criaram a imagem do Negrinho para servir de mascote. Com o tempo o personagem virou o Saci, representando toda a malandragem e esperteza utilizada pelos Colorados para vencerem seus adversários.
Mesmo com toda essa história sobre o mascote, ele nunca foi explorado pelos jogadores em campo. Até o ano de 2005, quando um colombiano irreverente foi contratado pelo alvirrubro dos pampas, Wason Rentería.
Uma avalanche de alegria