domingo, 18 de março de 2012

Entre outras quatro linhas #9 - F1

Começou a temporada 2012 da Fórmula 1.

Que os pachecos de plantão dizem que será chata, sem apelo...

Mas no fundo isso é recalque, puro melindre de torcida mal-acostumada, por nenhum brasileiro decente estar competindo.

A Fórmula 1 terá seis campeões mundiais competindo.

Isso nunca aconteceu em toda a história.

E depois do primeiro GP do ano, na Austrália, podemos ter certeza de que a Red Bull não vai nadar de braçada como em 2011.

A McLaren evoluiu muito, a Ferrari ainda tropeça, e Mercedes e Lotus-Renault prometem incomodar.

Enfim, vem muita disputa interessante por aí.

E agora vou contar pra vocês um pouco do que esperar de cada piloto na carona do desempenho deste fim de semana, em Melbourne.

Vamos começar pela escuderia atual campeã.

E é claro que a Red Bull vem favorita ao título mais uma vez.

A diferença é que dessa vez não vem sozinha.

O fenômeno Sebastian Vettel já sentiu logo de cara que esse ano a coisa vai ser diferente, e teve de largar em sexto na Austrália.

Mas mostrou toda força de campeão na corrida de recuperação e terminou em segundo. Sua regularidade em pódios poderá dar o tricampeonato com antecipação.

Para Mark Webber, mais um ano de coadjuvante de luxo se apresenta. Largou em quinto, terminou em quarto. É bom piloto, regular, e poderá ajudar muito a RBR (e Vettel).

Agora falemos da McLaren.

McLaren de Lewis Hamilton e Jenson Button. Os dois continuam os mesmos. Mas o carro...

Agora sim podemos dizer que a McLaren vem pra disputar o título. Mais com Button do que com Hamilton. E a razão ficou exposta na prova deste fim de semana, com a pole de Lewis e a vitória de Jenson.

Button é piloto de corrida. Hamilton é piloto de treino. Button agora tem carro e capacidade pra enfrentar Vettel. A briga aí promete ser muito boa. Já o Hamilton tem momentos de gênio e de mula. Vai sempre rondar os primeiros, ganhar uma corrida ou outra, mas título é mais difícil.

Agora a Ferrari. Ah, a Ferrari.

Depois de abrir mão do fim da última temporada, afirmando estar focada no carro 2012, a escuderia italiana começou bem pior. Alonso e Massa largaram atrás da quinta fila mostrando todas as deficiências de mais um carro mal nascido.

Alonso é diferenciado, por isso conseguiu trazer uma carroça para o quinto lugar. Massa é comum. Por isso participou de uma colisão imbecil com Bruno Senna.

Aliás, gostaria de abrir um parênteses sobre esta batida. Mais especificamente sobre sua repercussão aqui.

Foi um lance idiota. De Bruno que forçou por fora quando não dava e de Felipe que soltou o carro na curva pagando de machinho.

Fossem pilotos estrangeiros, a turma do Galvão e do Reginaldo os teria crucificado sem dó nem piedade. Mas são brasileiros, tão vivendo um momento difícil...

Voltando a Ferrari, se não melhorar o carro no decorrer da temporada, briga pra ser a terceira equipe com grandes chaces de não ser. Dependerá dos pontos que Alonso conseguir e o que Massa arrumar é lucro.

O espanhol pode brigar pelas primeiras posições do campeonato de pilotos, mas dificilmente se meterá entre Vettel, Button, Hamilton e Webber. Já o Felipinho não terá mais aquela sexta posição garantida. Pelo contrário, ela está quase perdida. Se terminar o ano atrás das Mercedes e das Lotus-Renault, a demissão será eminente.

Falando na Mercedes, o carro desse ano parece ser bem melhor. Schumacher já conseguiu largar em quarto em Melbourne, infelizmente não completou, mas ficou a boa perspectiva. Nico Rosberg não fez uma boa corrida, mas tem condições de melhorar. É bom piloto e, se Schumi apoiar, pode se desenvolver bastante. Deve brigar com Felipe Massa entre os nove, dez primeiros na melhor das hipóteses.

Já na Lotus-Renault, a atração é a volta do gelado e muito competente Kimmi Raikkonen. Estreou relativamente bem. Terminou em sétimo mas guia um carro difícil. Se conseguir chegar longe, vai ser na base da raça e da competência de piloto campeão. Seu companheiro de equipe, Romain Grosjean, está aí para função meramente ilustrativa e ajudará bastante se não atrapalhar o piloto nº1 da equipe.

Na Sauber, Kamui Kobayashi e Sergio Perez tem a missão de manter a equipe na metade de cima do grid. O japa é abusado, arrisca as coisas e gosto disso. Geralmente pontua bem e é a grande aposta da equipe para este ano. Não deve decepcionar. Perez por sua vez não é um piloto ruim, faz seus pontinhos quando dá e mantém um desempenho digno. A equipe deve ser a sexta ou sétima do mundo em 2012.

Agora é a vez da Willians. Que dispensou Rubens Barrichello. E contratou Brunno Senna. Não vejo inteligência técnica nessa decisão. Então fica por conta da estratégia financeira. Bruno traz muito mais patrocínios que Rubinho, por isso ganhou a vaga. A equipe pagará com exbições de Bruno como a deste domingo, onde protagonizou o acidente bobo já comentado mais acima. Em raras vezes irá pontuar. Já seu parceiro de equipe, Pastor Maldonado, mesmo tendo entrado na F1 apoiado nos patrocínios, tem capacidade e vai ser o maior pontuador da Willians no ano sem sombra de dúvida. A equipe brigará pra ser a melhor da metade de baixo.

Na Force India, a expectativa é pela repetição da boa temporada de 2011. Paul Di Resta foi mantido e Nico Hulkenberg chega pra atrapalhar ajudar. Di Resta fez bons pontos ano passado e já começou 2012 pontuando de novo. Vale a observação das grandes equipes sobre esse cara. Hulenberg não completou, e ainda não completará várias até o fim do ano. A briga é com a Willians pelo topo da segunda metade.

Na Toro Rosso, prima pobre da campeã, a prioridade ainda é revelar talentos para a matriz. Mas, mesmo sob o karma de filial qua a ronda, o começo de temporada foi surpreendentemente bom. Dois pontos logo de cara com o jovem Daniel Riccardo e seu segundo piloto, Jean-Eric Vergne, a uma posição dos pontos. Se mantiver o pique, a STR pode sim brigar com a Force India por boas posições. Mas acho muito difícil.

Na Carterham, a palavra do fim de semana foi decepção. Com a promessa de substituir a Lotus com um desempenho minimamente decente, montou uma dupla de pilotos com Heikki Kolvalainen e Vitaly Petrov. Caras com rodagem em grandes equipes, experientes, pra alavancar o projeto. Os dois abandonaram o GP da Austrália e Kovalainen já está punido para o GP da Malásia. A equipe é nova e os pilotos ainda não terminaram uma corrida. Não dá pra avaliar, vamos aguardar mais um pouco.

Na Marussia (ex-Virgin) o objetivo é vencer o único adversário do mesmo nível e não ficar em último. Aposta no experiente Timo Glock e no novato Chales Pic pra isso. Deve conseguir. Até porque seu rival nessa briga é a Hispania. Que não é carro de Fórmula 1. Com o indiano Narain Karthikheyan e o respeitado Pedro De La Rosa (que não sei porque está se sujeitando a isso) a HRT promete se arrastar na pista, retardatários desde a 20ª volta, atrapalhando todo mundo.

A temporada traz poucas mudanças. Se destaca o design "degrau" que muitas equipes adotaram nos bicos dos carros visando uma melhor aderência aerodinâmica. Também está proibido o uso de gás hélio nas bombas de combustível, o que diminui a velocidade da introdução de gasolina no tanque, no ato do reabastecimento, em mais ou menos 30%. Mas como aquele reabastecimento tradicional, de pit stop, não existe mais, pouca ou nenhuma diferença isso faz na corrida.

Enfim, nada de tão representativo. A principal mudança fica por conta da disputa real pelo título, o equilíbrio entre as medianas, e o fato de que, pelo menos aqui no Brasil, só vai acompanhar a Fórmula 1 quem gosta da modalidade.

E não quem só gosta de ver brasileiro ganhar.