Conhecem o grandão aí do lado? Não? Claro que conhecem. É o Maraca, pô!
Tá de roupagem nova, "joias no pescoço", mas é ele sim.
Agora que acabou a Copa das Confederações vai voltar para seus "donos". E neste fim de semana tem clássico, Vasco x Fluminense, melhor maneira possível de "reabri-lo".
Mas o que deveria ser motivo de festa, um reencontro com o "ente querido", pode virar preocupação com a possível "perda permanente" daquilo que o Maracanã sempre representou.
Vocês devem estar sabendo que o Maracanã foi, como posso dizer, "arrendado" por um grupo de consórcio que vai administrar o estádio.
Até aí nenhum problema. Se o Maraca se modernizou e tem condições de ser lucrativo pra todo mundo, maravilha.
O problema é determinado grupo se achar dono do que é de todo brasileiro. E pior, querer "nos modernizar para sermos aceitos" nele.
Por meio de seu presidente, João Borba, o consórcio Complexo Maracanã Entretenimento SA (até o nome já assusta) divulgou semana passada novas "regras" para o público que quiser assistir jogos no estádio.
Existem algumas que até fazem sentido, como a proibição de pirotecnia de qualquer tipo. Eu sei, fica bonito pra caramba, também gosto. Mas depois do caso da Bolívia, enquanto não pudermos realizar uma fiscalização decente nessas paradas, é melhor segurar por um tempo.
Agora, quando se proíbe o povo de ver o jogo em pé, sem camisa ou com bandeirões, fica clara a transformação do Maracanã em mais uma unidade de franquia Cinemark.
Amigo, num momento que o Flamengo estiver pressionando o seu adversário num jogo decisivo, marcar um gol e em seguida colocar uma bola na trave, não vai ter BOPE que evite que o povão tire a camisa e gire no ar.
Pedir pro cara ver o jogo sentado e não xingar então é de uma imbecilidade inacreditável.
Sei que é bonito, "civilizado" (não vejo selvageria em ficar em pé, mas enfim...) e digno de Premier League.
Mas não somos nós. Não somos europeus e nem queremos ser. Eu pelo menos não tenho a mínima vontade.
Quero ir pro futebol, decidir na hora o lugar que vou ficar, comemorar os gols aos palavrões e gritar com o juiz durante os 90 minutos.
Por favor, já vivemos no Brasil um momento crescente dessa geração "Merthiolate Que Não Arde". O Facebook mesmo já foi dominado por estes que pensam ter problemas de verdade e aparecem reclamando da máquina de café do serviço, do fim do seriado favorito ou do preço A-B-SUUUUURDO do novo iPhone.
Se vocês tornarem até o futebol um evento coxinha, vou desistir disso daqui e fugir pra um país vizinho.
Inclusive não corri atrás de ir em nenhum jogo da Copa das Confederações porque eventos da FIFA (talvez tendo como única exceção a Copa do Mundo, propriamente dita) são coxinhas por essência. A FIFA é europeia, é o que eles sabem fazer. Não vou entrar no mérito do público "padrão FIFA", quem sou eu pra julgar.
Mas fique claro que quem sustenta o futebol por aqui não é o camarada que aceita pagar R$ 300 num Japão x México e não sabe nem o que é um tiro livre indireto.
Quem faz esse esporte pulsar no País é o camarada que pega ônibus e metrô pra assistir a sétima rodada do campeonato estadual.
E esse, amigo, não faz a menor questão de saber nem o que significa a sigla FIFA.
Com proibições como as acima citadas, querem segregar o povão e elitizar o que de mais popular temos em nossas terras.
Não podem. E não vão.
Ah, nem comentei a proibição dos bandeirões, né?
Li no blog do Rica Perrone a melhor coisa que podemos dizer sobre isso:
"João Borba, presidente do consórcio, disse que 'o bambu não teria onde ficar'. Eu tenho uma ideia..."