quarta-feira, 24 de abril de 2013

Corinthians que é Corinthians joga com vontade. Sempre.

Por Pedro Nuin

É compreensível que o Campeonato Paulista seja algo bem ultrapassado, que nos faz perder o interesse a cada ano. Estádios cada vez mais vazios, jogos entre times grandes e times cada vez menores além de muito desinteresse por parte de todos em uma fórmula que se arrasta por meses. 

Mas isso não pode se aplicar ao Corinthians. É só olhar para as arquibancadas. Público sempre a cima dos 20 mil pagantes, torcida cantando, querendo ganhar. 

Então por que o time não joga com essa mesma vontade?

Sinceramente, sempre achei ótimo o trabalho do Tite e sua filosofia, que nos faz esquecer as táticas mirabolantes e nos faz ver os jogadores como seres humanos.

Muitas vezes me pego pensando mais no quanto tal jogador merece sua chance do que ele realmente pode ser útil em seu setor. O tal “merecimento” do Tite fala alto hoje em dia. A competição interna por uma vaga parece ser acirrada, e ainda assim sofremos contra Penapolense, Mogi Mirim, Linense, XV de Piracicaba e tantos outros, até mesmo em vitórias.

Como disse, sou fã do Tite, mas ele atingiu tal ponto de conquistas no Corinthians em que parece difícil dar continuidade na pegada de 2012. 

Os caras parecem estar acomodados, pouco ligando contra quem jogam, a final de contas, são os atuais campeões do mundo. 

E essa não é nem nunca foi a filosofia corintiana. Acho que além de passar os vídeos de como jogam os adversários, está na hora de ensinar para os jogadores o que é o Corinthians e como sempre foi a sua história.

Pouco importa quem está do outro lado, tem que honrar a camisa. O que a torcida quer é um time que mostre vontade, que tenha mais tesão do que técnica, que dê mais carrinhos do que dribles. 

Preferimos comemorar um gol chorado e sofrido do que uma pintura. Esse é o Corinthians. E é isso que esses jogadores têm que entender. Que se dane o rótulo do campeonato, a gente quer ver o time com vontade, seja contra o Boca, o Chelsea ou contra a União Agrícola Barbarense. 

Que perca, mas que lute. 

O Corinthians é o time com mais Paulistões, então que continue ganhando. Que reforce sua supremacia no estado e não deixe o Santos ganhar um possível quarto título seguido. Tem que desejar isso pra si. O elenco é grande, melhor que do ano passado, então não justifica fazer 1 a 0 de cara e se limitar a defender os 90 minutos restantes. 

Se a torcida faz sua parte carregando mais público do que um Campeonato Carioca inteiro, o time tem que fazer a dele em campo. Libertadores, Paulista, Copa São Paulo... todos têm que despertar o mesmo desejo de vencer.

Pra mim, a determinação que o time tem que mostrar contra o Boca deve ser a mesma contra a Ponte Preta, sempre a máxima. 

O time é bom, atual campeão da Libertadores e do Mundo, tem um banco que seria titular em quase todos times da Série A, está tudo lindo. Basta mostrar vontade para ficar com a alma corintiana. Sem ela, nunca vi objetivo algum ser alcançado.

Novos tempos

Na noite em que o Corinthians foi eliminado pelo Tolima recebi a ligação de um amigo. Cabisbaixo ele jogava a toalha: “Não é possível. Essa porcaria não foi feita pra gente ganhar mesmo. Acho que nunca vai chegar a nossa vez”. 

Eu não pensava assim. Acreditava que poderíamos dar a volta por cima e era questão de tempo pra acabar com aquela síndrome da Libertadores. 

Tentei convencê-lo disso, sem sucesso. 

Hoje, dois anos e meio depois, assustamos o "Bicho-Papão da América" antes mesmo de sermos confirmados como seus adversários, e temos a chance de transformá-los em nossos fregueses internacionais. Quem diria hein?