Você sabe qual é a principal diferença, em 90% dos casos, do estilo de guiar um carro entre homens e mulheres?
As mulheres em geral são mais cuidadosas, mais atentas. Fazem as coisas mais devagar e assim se livram de problemas. Dirigem com foco em evitar o erro.
Enquanto os homens são mais agressivos, metidos a piloto, dirigem como se estivessem em seu videogame, ficando assim mais propensos a erros. Dirigem como quem busca uma vitória, seja ela chegar cinco minutos antes do previsto ou evitar um farol vermelho.
Enquanto os homens são mais agressivos, metidos a piloto, dirigem como se estivessem em seu videogame, ficando assim mais propensos a erros. Dirigem como quem busca uma vitória, seja ela chegar cinco minutos antes do previsto ou evitar um farol vermelho.
Como os homens costumam guiar no limite, geralmente eles possuem (porque “treinam”) mais reflexos que elas. São donos de uma maior capacidade de reações rápidas em situações extremas (como pra evitar colisões iminentes, por exemplo), o que pode passar pro cara a sensação de ser “um talento do volante”, e consequentemente um motorista melhor que elas.
Mas situações extremas são coisas que acontecem bem de vez em quando. Portanto, pra rotina do trânsito, o estilo feminino é mais seguro e eficiente. E por isso, não raras vezes, são consideradas com razão motoristas melhores que os homens.
Mas por que esse papo todo? Qual é a dessa brisa de hoje do Dello? Cadê o Tite nessa história?
Calma, você já vai entender.
Dirigir um time de futebol tem muito dos conceitos de se dirigir um carro.
É sério, tem mesmo. Veja só.
Estamos todos aí embasbacados com o modo como Cuca vem guiando o Atlético-MG. Futebol pra frente, agressivo, vertical. Por vezes corre riscos bobos, mas topa pagar o preço pra poder dar seu show.
Agora tracemos um paralelo com os estilos de direção acima citados. É o modo masculino de dirigir em todas as suas características. Velocidade, vontade de mostrar talento e uma dose de irresponsabilidade.
É legal de assistir. Todo mundo tá gostando.
Mas tem quem prefira a segurança do estilo feminino de dirigir. A escola gaúcha, por exemplo, praticamente baseia tudo nesse conceito. E é aí que chegamos no nosso personagem de hoje.
Tite é representante clássico da escola gaúcha de treinadores e por isso não concorda em correr riscos desnecessários se expondo ao ataque. É mais cuidadoso, mais atento aos detalhes, por vezes até mais devagar.
Podem chamá-lo de retranqueiro, burocrático, lento, o que for. Podemos não gostar desse estilo, mas temos que admitir que funciona. E bem.
Ao não ser em casos como o de ontem.
Lembra do que eu falei dos reflexos que os homens, por vias tortas, treinam todos os dias? Lembra que eu disse que isso os prepara melhor pra situações extremas, como uma colisão iminente?
Pois é, esse o ponto em que o estilo feminino fica um pouco pra trás.
No futebol, a tal situação extrema se chama “ter de reverter um placar adverso”. E nesse ponto é Tite (e os outros seguidores da escola dos Pampas) que leva desvantagem.
Quando você está perdendo, precisa automaticamente passar a fazer mais do que o seu padrão pra tentar mudar o jogo. Precisa sair da zona de conforto.
Se provavelmente pode ser mais fácil pra um homem tentar atravessar com seu carro quatro faixas de via expressa de uma vez, pra evitar uma batida, do que pra uma mulher, deve ser mais fácil também pra um Cuca tentar reverter um placar contra um time argentino do que pra um Tite.
Se uma pessoa que está acostumada a começar a dar seta 30 segundos antes de mudar de faixa precisar arrancar com o carro pra fugir de um acidente, provavelmente vai bater. Sozinha. Num poste.
É natural ficar perdido quando se sai da rotina.
Ontem à noite, Tite precisava “arrancar com o carro”. E o primeiro tempo mostrou um time que se afobou desnecessariamente, brigou demais e, principalmente, correu errado. Enfiou o carro no muro.
Com juiz ladrão, bola colorida, grama artificial, chuva ácida ou invasão de Teletubbies, o Corinthians tinha condição técnica e física pra golear o Boca Juniors.
Mas pra isso precisava alcançar o tal “ponto fora da curva”. Não rolou.
Domingo a condição volta a ser a favorita.
Zona de conforto, controle do resultado favorável, jogo de segurança.
* Obs. 1: Apenas para ajudar o poder de interpretação de vocês, ressalto que não estou criticando o trabalho de Tite à frente do Corinthians. Apenas acho que ele poderia ter colocado um time mais calmo e seguro de si em campo ontem.
*Obs. 2: O juiz errou feio. Assim como o Cássio e o Pato. Você entra em campo sabendo que essas coisas podem acontecer e tem de se preparar pra superá-las. O resto é choro.
*Obs. 3: Mulherada, vocês vão bem em tudo o que fazem, inclusive dirigindo. Não é intenção do texto esteriotipar vocês como lentas ou sem reflexos (até porque os deste blogueiro também já foram melhores).
*Obs. 4: Por fim, preciso dividir com vocês que, hoje de manhã, vindo para o trabalho e pensando neste post, quase bati no carro de uma mulher que estava tentando atravessar quatro faixas de via expressa de uma vez só.