segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Afinal de contas, por que todo mundo joga bem no Grêmio?

Sim amigos, essa é a questão que não quer calar. E ao melhor estilo Globo Repórter, hoje o blog chega tentando desvendar esse mistério científico.

Jogadores de qualidade no mínimo duvidosa, como o lateral esquerdo Lúcio (ex-Palmeiras), os atacantes Jonas (ex-Santos) e André Lima (ex-São Paulo) e o meio-campista Douglas (ex-ex-Corinthians) são alguns exemplos de um fenômeno inexplicável da natureza.

Tiveram suas chances em alguns dos principais times do País. Esbanjaram falta de técnica por aqui e foram chutados. Mas quase que por milagre, encontraram seu lugar e adquiriram status de ídolo em outro gigante brasileiro.

O Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense.

Como esse milagre acontece? O que tem na água do Estádio Olímpico? A “avalanche” da torcida gremista tem alguma relação com isso? Por que o mesmo efeito não acontece no vizinho Internacional?

Reuni aqui um grupo de "especialistas" pra tentarmos descobrir o que há por trás do sucesso de refugos no Tricolor Imortal.

O resultado desse estudo você acompanha agora, no Profissão Repó... Brincadeira, vai ser aqui no blog mesmo.

Danilo Pilan é jornalista, palmeirense fanático e meu amigo (não necessariamente nessa ordem). Segundo o mesmo, o sucesso de jogadores questionáveis no Grêmio se deve em muito a mística dessa camisa.

“Quando ví o Grêmio lançando boneco do André Lima, desacreditei. Pensei: 'Poxa, como essa torcida tão grande pode enaltecer um jogador tão grosso? Um clube desse tamanho não pode se contentar com tão pouco. Por quê? Por quê? Por quê?'. Tenho uma teoria sobre esse fenômeno. O Tricolor Gaúcho é o clube brasileiro que mais valoriza a raça, a garra, a vontade, a entrega de seus jogadores. O lance de ser o time IMORTAL é a alma do negócio, eles se apegam demais a isso. Então o refugo chega lá, dá o sangue e ganha a confiança da torcida. Apoiado pelas arquibancadas, ele aprende a jogar bola - na medida do possível. Foi assim com o próprio André Lima, Lúcio, com o então inexperiente Diego Souza. Não é a toa que Jardel é ídolo por lá.”

Segundo o flamenguista Renato Caliman o problema não está no Grêmio, mas sim em nós do EIXO. Para apresentar sua tese, ele pegou o exemplo do ex-flamenguista Diego Souza, que virou semideus no Grêmio em 2007.

“O cara é flamenguista, recebe a camisa 10 do time e o status de craque. Mas joga bola que é bom, ele vai é jogar no Grêmio. Falo de Diego Souza. Mais um exemplo do mistério dos que resgatam o bom futebol no ‘Imortal’ de Porto Alegre. Talvez porque a estrutura seja boa, o clima nos bastidores também seja bom e a pressão seja mínima, comparada ao “Mais querido do Brasil”. O caso de Diego é um tanto quanto particular, porque o meia chegou como salvador do rubro-negro, mas devido ao mau momento do time e a constante troca de técnicos, acabou não tendo uma sequência (que tantos jogadores pedem). Já no primeiro ano no Grêmio, entrou em um time formado e disputou uma final de Libertadores. O Grêmio aposta em jogadores que prezam pela qualidade física e comprometimento nos treinos, além de fazer um planejamento para eles, coisa que os times do Rio não fazem tanta questão.”

Para o corintiano Luiz Felipe, a torcida é fator determinante para o rendimento dos atletas dispensados por outros grandes clubes brasileiros.

"A torcida do Grêmio é das mais apaixonadas do país. Os tricolores estão sempre presentes, vão aos estádios e apoiam noventa minutos mesmo em períodos menos gloriosos. É difícil, portanto, vê-los invadindo o CT, pichando dependências do clube ou pegando no pé de um atleta em especial. Isso reflete em campo: jogadores marcados e pressionados em outros clubes encontram no Olímpico terreno para jogar em paz. É, também, um clube relativamente tranquilo além das quatro linhas, democrático e sem grandes crises administrativas nos últimos anos. Isso diminui o risco de faxina no elenco e ajuda os atletas a acreditarem em projetos mais longos."


O santista Felipe Noronha vai ainda mais longe, e vê no Estádio Olímpico Monumental (que virá ao chão em breve) a razão dos feitos sobrenaturais que acontecem por lá.

“Meus caros, uma das tradições do Santos Futebol Clube é que todo ex-atleta da agremiação faz gol contra o time da Baixada Santista. Jonas, ESCORRAÇADO de Urbano Caldeira, fez. Esse aqui. Por quem? Grêmio. Claro. Elano. Saiu da Vila ESCORRAÇADO. De ídolo a cuspido. A torcida do Grêmio o que? O ama. Pará. Ídolo sempre. Algo me diz que essa RESSURREIÇÃO gremista tem algo a ver com o estádio Olímpico Monumental. Que será derrubado. Por isso, anotem: acaba aqui essa tradição tricolor gaúcha de jogadores apagados por lá brilharem, recuperarem as carreiras. O estádio cairá, a Arena subirá, e isso nunca mais ocorrerá. É minha aposta. Porque derrubar um estádio tão tradicional é crime. E será pago assim.”

Para você não ficar com a impressão de que apenas no eixo Rio-São Paulo se tem a impressão de algo “estranho” no Grêmio, meu amigo Giovani Bissoli fala diretamente de Minas Gerais sobre o fenômeno.

“A explicação mais simples é a mais lógica: eles pegam, HISTORICAMENTE, mais dragas desacreditadas do que os outros times. E como muitas vezes o cara não É um bagre, e sim ESTÁ um bagre pelos motivos mais variados (não se adapta ao esquema, má vontade, não recebe, inexperiência, pressão), há uma probabilidade maior de um deles chegar no sul e acabar SE REVELANDO (au) um bom jogador ou até mesmo um MAESTRO. Deve ter também uma parte de, por causa do KNOW-HOW do Grêmio em pegar cara desacreditado, a torcida acostumada com isso aí acaba tendo mais paciência com a tranqueira, aí não rola tanta pressão e desconfiança e o cara se sente mais livre pra jogar. Sei lá, o CARLOS ALBERTO vem pro nosso time e a gente põe fogo na camisa, vai pra lá e os caras devem pensar 'pô, pior que esses caras acabam dando certo aqui' e acaba FLUINDO MELHOR. Ou então nego simplesmente dopa todo mundo e usa o chimarrão pra MASCARAR a droga nos exames. Também pode ter a ver com NUMEROLOGIA. Certeza, uma só: o Pará vai estar nesse SUPERCLÁSSICO DAS AMÉRICAS ano que vem.”


Até mesmo quem era conhecido por recuperar atletas, como o São Paulo, perdeu o status após os consecutivos sucessos gremistas. Segundo o são-paulino Wesley Souza, tudo isso não passa de um grande mito.

“Caros amigos, todos estão falando do fato de jogadores se destacarem no Grêmio. Claro que temos grandes exemplos: como se esquecer de Lúcio, o Maldini do sertão ou então do sempre gordinho Carlos Miguel. Muitos outros também ficaram eternizados no coração do tricolor Gaúcho e nos famosos encoXas que acontecem no Olímpico. Porém, no caso do artilheiro e matador André Lima o caso é diferente. Ele é grande ídolo em todos os clubes que passou. O torcedor são-paulino em especial não sente falta daquele poste sem luz, já o botafoguense sim (e sente de verdade, porque qualquer um se destaca no Botafogo também, vide Rui Cabeção e Lúcio Flávio). Na Alemanha também faz falta o artilheiro (risos, não dá, ele é muito ruim!)... Mas voltando ao fato do destaque no clube azul do Sul, a melhor definição para o matador é da Wikipédia: 'André Luiz Barretto Silva Lima (Rio de Janeiro, 3 de maio de 1985) é um futebolista brasileiro que atua como atacante. Atualmente, joga no Grêmio, também geralmente faz 5 gols em jogos importantes.' Um cara que faz CINCO gols em jogos importantes se destaca em qualquer clube!”

Outro grande clube com histórico de refugos no Grêmio é o Vasco. E meu grande amigo Alex Nascimento também um ambiente diferente que influencia muito no desempenho dos jogadores.

“O fato determinante para as boas atuações de jogadores ex-Vasco; como Souza, Léo Gago e Vilson; no Grêmio, seja talvez, o clima no elenco. Você chegar a um clube e ser bem recebido por todos deixa você mais à vontade e confiante para desempenhar um bom futebol. Contudo o principal fator que faz com que esses jogadores joguem bola no Grêmio seria o atual técnico, Vanderlei Luxemburgo, o trabalho que ele exerce na equipe é fundamental para o bom desempenho desses jogadores. Tanto que, apesar de não serem titulares, Léo Gago e Vilson, quando entram na equipe jogam bem. Souza tem tido mais chances na equipe titular e apesar de não ser um ótimo jogador, faz muito bem o seu trabalho, alguns o consideram a revelação do Grêmio ao lado do atacante Leandro.”

Entre as muitas teorias temos que destacar a de quem está lá, ao lado dos caras. O colorado Roberto Kreitchmann explica que a técnica muitas vezes é secundária perante ao espírito “peleador” dos jogadores gremistas.

“Eu como torcedor do Internacional vejo que realmente alguns jogadores medianos acabam se destacando no Grêmio. E considero que um fator determinante para isso seja a torcida, que ao contrário de grande parte das organizadas paulistas e cariocas não dá as costas tanto para o time quanto para o jogador sob hipótese nenhuma. No Inter ainda existe um apelo maior pela qualidade técnica. No Grêmio nem tanto, talvez aí esteja a diferença. Mas no geral, os torcedores gaúchos não cobram que o jogador seja o melhor (um Neymar), mas que ele dê tudo de si, que tenha raça, que seja um verdadeiro ‘peleador’. O fim das organizadas no Rio Grande do Sul com certeza contribuiu muito para que as torcidas de lá conseguissem imprimir sua identidade no time. Outro fator que não podemos deixar de salientar, é que no Grêmio existe muito menos pressão em cima de qualquer jogador tanto por parte da direção quanto (principalmente) da imprensa do que nos times paulistas e cariocas tão ‘amados’ pelas redes de televisão brasileiras.”

Enfim amigos, se é a camisa, a mística, a torcida ou simplesmente o destino eu não sei.

Só sei que se você dirige um clube brasileiro, deve pensar muito bem antes de chutar um jogador. Ele pode ir para Porto Alegre, marcar três gols no seu time e dar entrevista te chamando de idiota.

E acredite em mim, ele vai fazer isso. Todos fazem.

Portanto, aproveite que o Grêmio gosta de expor sua “alma castelhana” por aí e siga o famoso ditado espanhol.

"Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay".

*Com a colaboração dos amigos Danilo Pilan, Felipe Noronha, Wesley Souza, Alex Nascimento, Renato Caliman, Luiz Felipe, Roberto Kreitchmann e Giovani Bissoli, para os quais agora devo uma cerveja.