quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O maior espetáculo da Terra

Normalmente, um post sobre qualquer esporte, que não o futebol, entraria na seção “Entre outras quatro linhas” aqui no blog.

Mas o Super Bowl mereceu a exceção.

E não pelo futebol americano em si ou apenas pelo jogo de domingo entre New York Giants e New England Patriots (que foi sensacional, diga-se de passagem).

Mas por tudo que engloba esse dia.

O Super Bowl é mais que uma final de campeonato, é uma homenagem ao esporte.

É a prova de que podemos sim, esperar (e cobrar) sempre mais do show que nos é apresentado.

Mais do que um dia de torcer, é um dia de celebrar o esporte.

Poderíamos ficar aqui um bom tempo falando sobre o grande jogo que deu o título aos Giants, o show do intervalo, a beleza do evento como um todo...

E é isso mesmo que vamos fazer.

Senhoras e senhores, com vocês, o Super Bowl XLVI.

Bom, vamos começar pelo local, muito bem escolhido aliás.

Indianápolis recebeu o Super Bowl no estádio mais novo da cidade.

E 70.000 pessoas lotaram o Lucas Oil (que nome é Lucas Oil?) para acompanhar in loco a grande festa do esporte norte americano.

Merece registro o fato da expressiva maioria estar torcendo pelo Giants (devido à rivalidade entre o time da casa, o Indianápolis Colts, e o New England Patriots).

E veio a abertura com América the Beautiful, hino com Kelly Clarkson, tudo muito bom, tudo muito bem, mas o que o povo queria era jogo.

E o jogo começou.

Pelo menos pro New York Giants.

Sem sucesso nas tentativas de brecar os avanços de campanha dos Giants, os Patriots viram o adversário abrir 9x0 sem tanta dificuldade.

Eli Manning distribuía todo seu repertório de lançamentos teleguiados e os Giants iam chegando, de first-down em first-down, até a end zone.

Também não podemos deixar de destacar Victor Cruz, autor do primeiro touchdown (com direito a salsa na end zone) e principal receptor de Manning na partida.

E também lembrar o erro infantil da grande estrela do futebol americano Tom Brady, que se livrou de uma bola lançando em um espaço vazio e concedendo dois pontos aos Giants.

Aí veio o segundo período.

E com ele o pior pesadelo dos Giants.

O multicampeão, multimilionário, multiconsagrado, multimarido da Gisele Bündchen (tá pegando mal o menino), Tom Brady decidiu jogar.

Com a força da defesa do Patriots e o despertar de Brady, o New England foi pra cima, dominou o período e foi para o intervalo com uma empolgante virada, 10x9.

Intervalo, hora do show (dessa vez musical mesmo).

Pra esse ano Madonna foi escolhida.

Não sou fã de Madonna. Aliás, poucas são as músicas dela que me agradam.

Mas o show foi legal. Bem ritmado e, principalmente, bem produzido.

Vejo a montagem de um palco tão espetacular em poucos minutos como um show mais impressionante do que a apresentação musical propriamente dita.

E é durante esse momento do evento que vemos o quanto o produto esporte pode ser valorizado.

É nessa hora que ficamos indignados com a “produção” que é feita por aqui para uma final de Libertadores, por exemplo.

No Super Bowl as pessoas realizam algo mágico.

Estão ali torcendo para a equipe de coração, claro.

Mas no show do intervalo percebe-se que, acima de tudo, estão celebrando, juntos, a alegria que o esporte proporciona.

Estão festejando a oportunidade de participarem de um momento tão bonito e histórico.

Além da honra de homenagear, em seu país, aquilo que mais gostam e pelo que são verdadeiros apaixonados.

O Super Bowl mostra a força que tem essa combinação entre o esporte e um povo que deseja de verdade fazer dele algo grandioso.

Contudo, o intervalo e toda sua magia precisavam acabar.

Patriots e Giants ainda tinham um assunto a resolver.

E na volta para o terceiro período, os Patriots pareciam determinados a encerrar o assunto.

Tom Brady voltou jogando seu melhor futebol, e o New England chegou ao seu segundo touchdown.

Os Giants por sua vez mostravam muito nervosismo. Em parte pelo placar adverso, em parte pelos jogadores importantes que iam se machucando um a um.

Para o quarto período a tragédia parecia anunciada em Nova York.

Até o momento em que o imponderável deu as caras.

Tom Brady, o jogador mais badalado do mundo, com 34 anos nas costas e três títulos no currículo, no melhor estilo LeBron James, negou fogo no último período.

Voltou a cometer os erros do primeiro período e os Patriots não conseguiam sucesso em uma campanha sequer.

Isso tudo ao mesmo tempo em que Eli Manning ressurgia das cinzas com suas bolas teleguiadas para Victor Cruz.

E a diferença que era de sete pontos caiu pra cinco.

E de cinco caiu pra dois.

E após mais uma campanha mal sucedida dos Patriots, os Giants tinham a chance de, faltando três minutos para o fim do jogo, necessitar apenas de um field goal para chegar ao título.

Manning levou então seu time ao ataque.

Mas não do modo tradicional.

Levou dando show.

Com direito a um espetacular lançamento para Victor Cruz que passou entre os dedos do adversário, e outro simplesmente absurdo, de mais de 40 jardas com perfeição em cima da linha lateral.

Com tantos lançamentos geniais, os Giants estavam a menos de dez jardas da end zone faltando 57 segundos para o fim da partida.

Os Patriots decidiram abrir espaço para o touchdown dos Giants logo de uma vez e assim receber a bola com tempo suficiente para tentar o touchdown do título.

Cabia aos Gians então não se deixarem levar pela empolgação, gastar o tempo, e marcar o field goal (ou touchdown, se fosse o caso) nos últimos segundos, quando já não houvesse mais chance de contra-ataque do New England.

Entretanto, a bola chegou às mãos de Ahmad Bradhsaw, e o running back de Nova York não resistiu à tentação de marcar o possível touchdown do título.

Caiu na end zone, marcou o touchdown e devolveu a bola aos Patriots com 52 segundos para o fim.

Faltou cabeça fria e maturidade ao jogador natural do estado da Virginia.

E a partir daí começou o último capítulo do drama dos Patriots.

Tom Brady tinha 52 segundos para desenvolver uma campanha de 90 jardas até o touchdown.

Depois dos erros bizarros cometidos pela estrela durante o jogo, a pressão era enorme para que ele agora desse um jeito de dar o título aos Patriots.

E ele até fez sua parte.

Mas em três lançamentos perfeitos, de mais de 25 jardas, seus companheiros não conseguiram segurar a bola.

Na última tentativa, bola direta pra end zone.

Um monte de gente se trombando, ninguém conseguiu segurar a bola, ela caiu no chão de novo, e o New York Giants se sagrou pela quarta vez campeão do Super Bowl.

Consagração de Eli Manning. Questionamentos para Tom Brady.

Festa do título e encerramento do dia mais importante do esporte nos Estados Unidos.

Tudo perfeito, tudo como em um sonho.

Voltemos então a nossa realidade, até que possamos sonhar novamente, no Super Bowl XLVII.

Não sei se estou pronto para voltar minhas atenções para o Paulistão agora.

Mas vou tentar.

Que Deus me ajude.